São Paulo, quinta-feira, 9 de novembro de 1995
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Graceland camufla a tragédia do cantor

OSCAR PILAGALLO
DO ENVIADO ESPECIAL A MEMPHIS

Graceland, a casa de Elvis, está para Memphis como o Cristo Redentor está para o Rio. É o ícone mais reconhecível da cidade.
Os dados oficiais dão conta de que 700 mil pessoas visitam o local a cada ano. A meca dos roqueiros nostálgicos é um monumento kitsch, o que se constata logo na entrada. O portão de ferro reproduz uma partitura aberta, ornada nas duas extremidades com a figura estilizada de -quem mais?- Elvis tocando violão.
O endereço é fácil de ser lembrado. Graceland fica no bulevar Elvis Presley e, mesmo que se esqueça que o número é 3.765, dificilmente alguém perderá a entrada.
Graceland se espalha pelos dois lados da rua. De um lado, a bilheteria, as lojas de suvenir, o avião batizado com o nome da filha de Elvis, Lisa Marie (e que ele chamava de Graceland voadora), o museu dos carros e as lanchonetes. Do outro, a mansão.
Visita-se a casa com a ajuda de um toca-fitas individual (há uma versão em português), que se retira após a compra do ingresso (US$ 17, tudo incluído).
Graceland, onde Elvis viveu 20 anos, é uma casa mais confortável do que imponente, apesar do pórtico com quatro colunas da entrada, que se avista à distância por ficar no cume de uma pequena colina.
Tem três níveis. O de cima, dos aposentos, está fechado ao público. Nos outros dois podem-se visitar a sala de estar, onde um piano de cauda convive com um aparelho de TV; a sala de jantar contígua, com outra TV; a cozinha estilo norte-americano (mais TV); e, finalmente, a sala de televisão, onde há meia dúzia de aparelhos, um para cada canal que se podia sintonizar em Memphis na época.
O museu mantém o escritório nos fundos da casa que Elvis mantinha para atender seus compromissos profissionais longe dos palcos e estúdios. Lá, uma equipe se encarregava desde responder as cartas dos fãs até marcar entrevistas com jornalistas.
No escritório pode-se assistir a uma de suas célebres entrevistas do final dos anos 50, quando Elvis ainda cumpria seus dois anos de serviço militar.
O ambiente para ficar com os amigos era a sala de bilhar. E o preferido para se reunir com a família era o que chamou de "jungle den", que lembra uma selva. Há ainda a sala dos troféus e uma exposição de roupas e objetos.
O roteiro da visita é "light". Quase ignora a tragédia de Elvis, que nos últimos anos de vida, muito acima de seu peso e fisicamente debilitado, parecia não suportar mais o peso da fama.
Ao morrer, Elvis Presley havia vendido 150 milhões de discos, deixando clássicos como "Hound Dog", "Heartbreak Hotel" e a balada "Love Me Tender".
A visita termina no Meditation Garden, um jardim que Elvis mandou construir para ter um canto para se refugiar nos momentos em que quisesse ficar em paz. É aí que hoje ele está.

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