São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 1995
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Petistas querem sociedade na instituição

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A briga política contra a privatização do Banespa pode fazer com que administrações do PT (Partido dos Trabalhadores) se tornem sócias de um rombo de R$ 4 bilhões.
O "negócio" já caminha em Porto Alegre (RS), Campo Grande (MS) e no Distrito Federal.
É verdade que os governantes petistas não pretendem desembolsar nem um centavo por uma fatia do Banespa. Mas querem autorização do Legislativo para receber, "em doação", ações do banco paulista com direito a voto.
Trata-se de um movimento iniciado pelos funcionários do Banespa, que estão em pé de guerra desde que o Banco Central assumiu a administração da instituição, em dezembro de 94.
A principal razão para o atrito está na defesa, por parte da direção do BC, da demissão de funcionários e da privatização do banco paulista.
Além das tradicionais assembléias e passeatas, os bancários também decidiram gastar parte de seus rendimentos com a compra de ações ON (Ordinárias Nominativas, que dão direito a influir nas decisões da administração de uma empresa) do Banespa. As ações são oferecidas a governos petistas.
Projeto
O prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, já enviou projeto à Câmara Municipal pedindo autorização para receber a doação.
Segundo Genro, o pedido tem o objetivo de "influenciar na definição da política de atuação do banco no mercado e no financiamento do desenvolvimento".
Se depender do lote de ações oferecido pelos bancários, porém, a participação da prefeitura no comando do banco não chegará a tanto. São 150 mil ações, que podem ser adquiridas por R$ 825.
Ações do Banespa têm se mostrado um mau negócio em novembro. O lote de 100 mil ações oferecido ao governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque, valia R$ 605 no início do mês. Hoje, após desvalorização de 9%, sai por R$ 550.
Segundo a presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, Érika Kokay, o movimento foi iniciado por prefeitos do interior paulista, de todos os partidos, diretamente interessados em manter o Banespa em poder do Estado.
Nesses casos, afirma a sindicalista, as ações chegaram a ser compradas pelos municípios. Em Brasília, Porto Alegre e Campo Grande, trata-se de uma ação "simbólica", avalia.

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