São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Equipe desenvolve vacina contra câncer

BOB HOLMES
DA "NEW SCIENTIST"

Uma vacina contra um tipo perigoso de câncer de pulmão conseguiu impedir, em camundongos, que a doença se espalhasse.
Lea Eisenbach, do Instituto Weizmann de Ciência em Rehovot (Israel), uma das autoras do estudo, publicado na revista “Nature Medicine”, disse que o experimento poderá originar, no futuro, tratamentos de câncer no homem.
Em teoria, uma vacina contra câncer somente funcionaria se as células tumorais, as do câncer, tivessem proteínas em sua superfície não encontradas nas outras células sadias do organismo.
Isso permitiria que o sistema de defesa reconhecesse as cédulas tumorais como estranhas ao organismo e desse sinal a células conhecidas como “assassinas” (células T) para que elas as destruíssem.
Vacinando pessoas que sofrem de câncer com tais proteínas, pesquisadores esperam estimular o sistema de defesa de forma que ele consiga matar as células tumorais.
Eisenbach estudou uma proteína normalmente encontrada em células do pulmão, chamada conexina.
A cientista descobriu que essa proteína também é encontrada em um tipo de câncer de pulmão em camundongos. Só que numa forma modificada, chamada pelos pesquisadores de forma mutante.
Quando vacinou camundongos com a proteína mutante, verificou que o animal havia conseguido produzir células “assassinas”, que conseguiram matar as células tumorais em laboratório.
Os pesquisadores também testaram a eficácia da vacina contra metástase. A metástase, um dos estágios de tumores malignos, caracteriza-se pela reprodução descontrolada das células do tumor.
É geralmente na fase de metástase que os tumores ficam fora de controle e conseguem se espalhar para outras partes do corpo.
Para testar a vacina, os pesquisadores israelenses implantaram tumores em patas de camundongos.
Os cientistas verificaram que os animais que haviam sido vacinados sofreram menos metástases do que aqueles que não haviam sido vacinados.
A vacina poderia ser mais útil se os médicos pudessem usá-la para eliminar pequenos locais de câncer, que muitas vezes permanecem no organismo após uma cirurgia para remover o tumor principal. Às vezes, esses pequenos tumores podem dar origem a novos cânceres.
Para testar essa possibilidade, os pesquisadores permitiram que tumores de pulmão se desenvolvessem nas patas de camundongos. Depois, os removeram e vacinaram os animais.
Os camundongos vacinados sobreviveram mais que os não-vacinados, que morreram 35 dias depois da remoção dos tumores. Os vacinados ainda estavam vivos quando Eisenbach publicou o estudo, 400 dias depois.

Texto Anterior: Entender militar hoje é difícil
Próximo Texto: Atlantis parte rumo à estação russa Mir
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.