São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 1995
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Alemão tenta comprovar que existe comunicação com mundo paralelo

DA "NEW SCIENTIST"

Pode parecer ficção científica, mas um pesquisador alemão sugeriu numa revista de física que é possível haver comunicação entre mundos paralelos, criados por “divisões” do Universo.
Quando um experimento tem vários resultados possíveis, ele geraria essas divisões -uma para cada resultado. Isso poderia ser verificado em experiência com partículas de átomos e com luz.
No experimento da dupla fenda, por exemplo, um feixe de partículas é projetado contra uma superfície com duas aberturas. Do outro lado fica um filme, capaz de detectar por qual das aberturas passou o feixe.
Quando não é colocado nenhum detector além do filme, o feixe parece atravessar as duas fendas simultaneamente e imprime uma marca indefinida no filme.
Mas, quando há um detector entre as fendas e o anteparo com os filmes, o feixe parece deliberadamente “escolher” uma das fendas para atravessar. No filme, fica impressa a marca de passagem apenas por uma delas.
O experimento tem uma grande variedade de interpretações, entre as quais a mais célebre foi proposta pelo físico dinamarquês Niels Bohr (1885-1962) nos anos 20.
É a chamada “interpretação de Copenhague”. Segundo essa interpretação, é a existência de um sistema de medição operado por um observador que faz o sistema escolher uma das configurações sobre a outra, quando ambas seriam teoricamente possíveis.
Mas há outra abordagem, conhecida como abordagem dos “vários mundos”. De acordo com essa interpretação, quando um sistema de partículas se depara com uma escolha, o mundo se divide em duas ou mais realidades -uma para cada possível resultado.
Essa idéia foi proposta nos anos 50 pelos pesquisadores americanos Hugh Everett e John Wheeler. Na época, eles propuseram que a divisão em vários universos acontecia instantaneamente.
Mais recentemente, porém, teóricos argumentaram que esse processo deve durar um tempo determinado. Essa possibilidade é investigada por Rainer Plaga, do Instituto Max Planck para Física e Astronomia, em Munique.
Ele propõe em artigo submetido à revista “Foundation of Physics”, um experimento em que há 50% de chance de que um feixe de luz passe por um tipo de filtro.
Na interpretação dos vários mundos, o experimento cria dois universos paralelos: um no qual o feixe passa, outro no qual ele é detido pelo filtro.
Quando passa, o feixe excita átomos armazenados, um fato que cientistas conseguem medir. Quando não passa, esses átomos ficam estáveis.
Mas, teoricamente, os mesmos átomos no universo paralelo seriam excitados pela luz.
Também existiria, nesse caso, uma chance de que os átomos no universo real se excitassem, devido à relação que o mundo real mantém com o paralelo.
Se por acaso fosse possível detectar que o feixe de luz não atravessou o filtro e, ainda assim, os átomos se excitaram, estaria provada a existência do universo paralelo, segundo Plaga.
Mais que isso, estaria provado que o universo paralelo se comunica com o real.
Mas Plaga é extremamente cauteloso para que não seja exagerada a idéia. “Ou é puro lixo, ou algo sumamente importante”, afirma o pesquisador.

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