São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 1995
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Juros em novembro são os menores do Real

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

A melhor opção de aplicação de renda fixa hoje é o fundo de investimento de 60 dias.
Os juros são declinantes no mercado financeiro e, em novembro, são os menores desde o início do Plano Real.
Mesmo com a queda nos juros, Rubens Tafner, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros, prefere os fundos de renda fixa a direcionar os recursos para renda variável (ações, dólar ou ouro).
Quem aplicar hoje nos fundos de curto prazo (fundões) terá rendimento líquido (após Imposto de Renda) de 1,13% nas retiradas em 13 de dezembro.
As estimativas de inflação (índice da Fipe) para este mês no mercado financeiro variam entre 1,1% e 1,6%, tendendo os fundões a empatar ou perder da inflação em novembro.
Antônio Pavão, diretor do Bradesco, diz que os fundos de 60 dias rendem mais, pois não precisam fazer depósitos sem remuneração no Banco Central.
Os investidores estão abrindo mão da maior rentabilidade das aplicações de mais longo prazo para deixar o dinheiro investido de um dia para o outro nos fundões.
Dados do Bradesco -maior banco privado do país- mostram que 70% dos recursos dos fundos de curto prazo estão "dormindo" de um dia para o outro nos fundões; 7% dos recursos estão aplicados em fundos de 30 dias e 23% em fundos de 60 dias.
Saída dos fundos
Os fundos de investimento perderam R$ 3 bilhões do patrimônio em outubro. Esse foi o resultado de uma tentativa frustrada do governo de forçar o alongamento nos prazos de aplicação.
Segundo dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), o patrimônio líquido (o dinheiro aplicado) dos fundos caiu de R$ 65,3 bilhões em 2 de outubro para R$ 62,3 bilhões em 1º de novembro passado.
Desde outubro, o BC alterou as regras para aplicações em fundos de investimento.
A rentabilidade das aplicações nos fundos de curto prazo de um dia para outro quase caiu para a metade, pois 40% dos recursos são depositados no BC sem remuneração. Os fundos de 30 dias precisam deixar 5% dos recursos depositados no BC sem remuneração.
Os grandes investidores -basicamente, empresas- estão deixando os fundos de investimento e procurando aplicar os recursos em opções de investimento oferecidas pelos bancos mais criativos.
Os bancos passaram a fazer operações "sob medida" para seus clientes preferenciais, tendo como lastro CDBs (Certificados de Depósito Bancário). As empresas fazem uma aplicação em CDBs de prazo de 30 dias, por exemplo, e os gerentes dos bancos garantem a recompra do CDB se a companhia precisar do dinheiro antes. São operações que envolvem, no mínimo, aplicações de R$ 100 mil em CDBs.
Os administradores de fundos reúnem somas elevadas de recursos e conseguem rentabilidades para aplicações de 30 ou 60 dias melhores do que o pequeno investidor conseguiria em CDBs.
Opção prefixada
Jorge Amary, diretor do Banco Antonio de Queiroz, diz que as rentabilidades entre os fundos estão variando bastante. O Banco Central permitiu aos administradores maior liberdade de aplicação dos recursos.
Amary observa que os fundos de renda fixa tradicionais têm sido mais atraentes, no momento, que os fundos DI (Depósito Interfinanceiro).
Os fundos DI refletem o comportamento dos juros no mercado futuro no dia-a-dia. No momento, as taxas de juros estão em queda.
Os fundos de renda fixa tradicionais embutem na carteira títulos adquiridos no passado com rentabilidade maior.
Segundo Luiz Cezar Fernandes, presidente do Banco Pactual, as Bolsas já passaram pelo "ponto mais alto" de lucratividade e agora devem "andar de lado" (sem definição de tendência). O mercado acionário não seria, portanto, segundo o especialista, uma boa opção de curto prazo.
Armando de Toledo, diretor da corretora Magliano, diz que as Bolsas devem dar retornos satisfatórios a médio prazo, mas que é preciso selecionar bem os papéis nos quais investir.

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