São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 1995
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Andrée Putman chega ao Brasil em 96

CELSO FIORAVANTE
DA REDAÇÃO

O Brasil ganha, em 96, com a exposição de Andrée Putman em São Paulo e no Rio, uma posição de destaque no cenário do design e da arquitetura mundial.
O destaque é devido ao currículo desta francesa, um dos maiores nomes da arquitetura, decoração e design contemporâneos.
Entre seus trabalhos se destacam o Centro de Artes Plásticas Contemporâneas de Bordeaux (França); o Museu de Belas Artes de Rouen (França); A Villa Turca de Le Corbusier, em La Chaux de Fonds (Suíça); o hotel Morgan’s, em Nova York; e o hotel Wasserturn, em Colônia (Alemanha), além de vários escritórios na Europa, Japão e EUA.
Jornalista de moda e decoração no início de sua carreira, abandona a teoria e parte para a prática, em 1978, ao criar a Ecart.
O nome da loja-oficina é um jogo de palavras com “écart”, que em francês significa “à parte” ou, lida de trás para a frente, “trace” (traço, linha). As duas leituras são pistas de seu projeto de vida: criar móveis, objetos e ambientes únicos, com absoluto rigor estético e não se prender aos inconstantes e passageiros movimentos da moda.
O trabalho da Ecart divide-se em dois: desenvolver e produzir a linha própria de móveis e objetos da artista e reproduzir e comercializar criações de designers históricos, como Eileen Gray, Mariano Fortuny, Jacques-Henri Lartigue-Robert Mallet Stevens, Michel Duffet, além de jovens designers.
A primeira versão da exposição de Andrée Putman foi concebida para a cidade de Chalon-sur Saône, na Borgonha (França), em 1993, com curadoria de Jean-Marc Grangier.
Sua versão paulista, organizada pela Aliança Francesa e pelo consulado da França, será a primeira realizada fora de seu país de origem. Depois de São Paulo, a exposição segue para Rio de Janeiro, Buenos Aires, Santiago do Chile, Cidade do México, Houston, Chicago e Nova York.
A designer vem para o Brasil para a abertura da mostra e deve permanecer aqui cerca de uma semana para uma série de palestras.
A exposição pode ser considerada “in progress”, na medida que, além dos produtos e da ambientação do espaço -a ser concebida pela própria designer, e que continua produzindo-, a mostra apresentará também uma série de obras de arte contemporâneas de seu acervo pessoal e que Andrée considera influentes em seu processo criativo ou pelas quais sente alguma afinidade. Neste item entrarão peças de Gérard Garouste, Christian Boutanski, Gasiorowski e Roland Roure, entre outros.
“Andrée não concebe a vida sem arte. É das obras de arte e das pessoas que circulam em seus ambientes e observam seus produtos que provêm as cores. Já em suas criações, privilegia cores e ambientações neutras”, diz Jean Marc Grangier, que passou por São Paulo na semana passada para os primeiros preparativos da exposição.
Andrée faz algumas concessões no uso das cores a um azul semelhante ao IKB (International Klein Blue), a cor criada pelo artista francês Yves Klein (1928-1962), mas sem a mesma visceralidade de seu conterrâneo.
“As preocupações básicas de Andrée são três: o espaço, a iluminação e o detalhe. É na conjunção desses fatores que ela acredita que a vida possa ser melhorada e se tornar suportável”, diz Grangier.

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