São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 1995 |
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Indexação funesta A inquietante decisão do Tribunal Regional do Trabalho de impor a majoração de salários pelo total da inflação passada e ainda determinar o pagamento de um aumento real pelos fabricantes de autopeças de São Paulo agrava a crise em um setor já fortemente pressionado pelas importações. A possibilidade já aventada pelo sindicato dos Químicos de recorrer ao TRT visando a obter vantagens similares mostra que é grande o risco de que sobreviva e se enraíze uma indexação anual da economia. O Brasil parece retroceder, ainda que de modo sorrateiro, à lógica que impulsionou a inflação aos níveis verdadeiramente bestiais da história recente. Reconhece-se que a indexação está no cerne do descontrole inflacionário, mas cada um age como se o seu caso fosse a exceção. A regra é para os outros. O conhecido resultado da prática de correção pela inflação passada é uma funesta corrida sem fim. Os preços e salários ascendem em espiral e perdem mais os que podem menos, os trabalhadores com menores recursos, com acesso nulo ou precário ao sistema financeiro. É de todo modo lamentável que a negociação de salários continue a ser tratada como tema essencialmente jurídico. Em uma economia dinâmica, mercados, margens e preços relativos oscilam com razoável rapidez. É necessário encontrar mecanismos que desengessem o sistema econômico e permitam negociações minimamente relacionadas à realidade de cada setor. Texto Anterior: O dito pelo não dito Próximo Texto: O campo em chamas Índice |
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