São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 1995
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Dá para evitar

Repetem-se amiúde controvérsias quanto à lisura das ações da Polícia Militar no cumprimento de suas funções. Nesta semana, quatro pessoas morreram após invasão policial a uma construção na zona oeste paulistana, onde ocorria um assalto. Como de costume, os depoimentos de policiais e testemunhas discreparam, mas há fortes indícios de que os soldados teriam cometido excessos. Dentre eles, a recusa de negociar com os infratores e também o injustificado disparo de armas de fogo.
O massacre de 111 presos do Carandiru ainda está bem vivo na memória nacional. Nem por isso deixaram de surgir, de lá para cá, novas denúncias de violências cometidas pela corporação. Dois fatores atuam decisivamente para que procedimentos policiais questionáveis continuem se repetindo.
O primeiro deles é a morosidade da Justiça Militar, para a qual são encaminhados os casos em que as perícias técnicas constatam sinais de que foram praticados abusos. O espírito corporativo desse tribunal tem procurado evitar a punição exemplar dos faltosos.
Mas não basta apenas punir. O despreparo do soldado e o estresse inerente ao cumprimento de suas funções exigem medidas preventivas. Recentemente, a Secretaria de Segurança estadual iniciou um programa de afastamento, por 30 dias e com acompanhamento psicológico, dos policiais envolvidos em episódios que acabaram em morte.
É o mínimo que se espera do poder público para tentar garantir a integridade de quem desempenha uma função muito perigosa.

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