São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 1995
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Reforma no ensino gera protesto

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 200 pais e alunos de seis escolas da zona norte de São Paulo pararam o trânsito ontem de manhã sobre a ponte da Freguesia do Ó em protesto contra a reforma no ensino estadual.
A manifestação ocorreu no dia em que o governo promoveu na rede de 6,6 milhões de alunos e 240 mil professores uma discussão sobre a chamada "reorganização das escolas".
A idéia da secretária de Estado da Educação, Rose Neubauer, 50, é redistribuir os alunos pelas 6.800 escolas da rede, por faixa etária (leia texto ao lado).
"Ê, ô, ê, ô, a Rose é um terror", gritavam os manifestantes da Freguesia do Ó, indignados com o desmembramento de suas escolas.
"Por que mexer em algo que está dando certo?", perguntou Claudio Morales, 32, pai de aluna da Escola Jácomo Stávale, uma das mais disputadas da região.
A grande maioria dos pais que participaram da manifestação fazem parte dos conselhos de escola ou associações de pais e mestres (APMs) dos colégios do bairro.
Como todos têm lutado para melhorar o ensino em suas escolas -na EEPG Manoel da Nóbrega, por exemplo, é a APM que paga a segurança-, eles não se conformam em ter que mudar, talvez para uma outra em pior condição.
A mãe de aluno e fundadora do Movimento Pró-Educação, Elisa Toneto, 47, que desde 1986 tem se contraposto aos projetos governamentais, apareceu ontem no vídeo veiculado pela TV Cultura em defesa da reforma.
"Pedagogicamente, não dá para negar que funciona melhor uma escola com crianças e outra com jovens", disse. "O problema é que a secretária tem que ter mais serenidade para ouvir as pessoas."
"A discussão de hoje é importante porque permite que a secretaria perceba onde há problemas. Mas é necessário que o governo dê mais tempo para resolver esses problemas", afirma Ana Maria Quadros, 54, presidente do Sindicato dos Supervisores de Ensino e vereadora pelo PSDB.
"É um despautério fazer essa discussão a 15 dias do final do ano letivo. Tinha que começar no início do ano para a reforma ser implantada no ano seguinte", diz Mário Sérgio Cortella, 41, ex-secretário Municipal de Educação de São Paulo pelo PT.

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