São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 1995
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BC faz dois leilões para vender dólar

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Bolsas e títulos da dívida externa em queda. Dólar subindo no mercado flutuante (segmento de negócios entre bancos no dólar-turismo) e no comercial (exportações e importações). Esse foi o cenário de ontem do mercado.
O BC (Banco Central) interveio no dólar. Vendeu, por duas vezes, a R$ 0,966 (o teto da atual minibanda) no mercado flutuante.
A pressão de alta do flutuante é uma consequência do fato de o BC ter pedido a instituições que deixem de trazer dinheiro pela conta de não-residente (a CC-5) para escapar do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Ontem, a pressão altista serviu de pretexto para que o mercado testasse a minibanda (teto e piso para a flutuação do preço do dólar). O BC bancou o jogo. Ela (a minibanda) não muda agora.
Não precisa. Continua entrando dólar. O juro praticado continua servindo de atrativo.
No curto prazo, a taxa não vai cair. O BC continua vendendo mais título que resgatando. A liquidez aperta e o juro sobe. Hoje tem leilão de LTN. O juro alto tem parte da culpa pela queda da Bolsa (que foi de 4,31% ontem).
O cenário internacional não é animador para as Bolsas. Não bastava o México dando seus frequentes sustos. Agora, democratas e republicanos decidiram transformar o orçamento dos EUA em um objeto da disputa eleitoral.
O risco de aplicar na América Latina aumentou. O estrangeiro ficou cauteloso.
Desde que a Bolsa paulista foi globalizada, os operadores locais trabalham dentro da seguinte lógica: antecipar o movimento do estrangeiro. O estrangeiro quer comprar ações, o local compra antes, gira sua carteira e vende com lucro ao estrangeiro.
Agora, o estrangeiro está de molho. E o preço das ações já não é tão convidativo como em um passado recente. O Brasil deixou de ser uma pechincha.
Sem a figura do comprador final de ações (o estrangeiro), o mercado está vivendo das instituições que giram posições no dia-a-dia.
Para elas, voltamos aos juros, o custo de girar as posições é uma questão de oportunidade. Como o cenário é ruim e o mercado esvaziado, quem faz giro amplifica os movimentos. Se a tendência era cair, o mercado despenca. Foi o que aconteceu.

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