São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 1995![]() |
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FHC retira embaixador da Nigéria
WILLIAM FRANÇA; RAQUEL ULHÔA
A retirada do embaixador foi decidida por causa do enforcamento do poeta e ativista político Ken Saro-Wiwa e de oito opositores do regime militar nigeriano, ocorrido na sexta-feira. O poeta era candidato ao Nobel da Paz de 1996. A decisão de FHC é considerada uma punição "muito grave" na linguagem diplomática. "A ocorrência é de tal gravidade que essa ação vai além do que o Brasil costuma fazer. É muito raro o Brasil ter essa iniciativa", disse o ministro Luís Felipe Lampreia (Relações Exteriores). A última vez que o Brasil retirou temporariamente um embaixador -e não apenas o chamou para consultas- foi após o golpe de Estado do presidente do Peru, Alberto Fujimori, em 1992. Na época, o embaixador do Brasil em Lima, Leite Ribeiro, ficou afastado vários meses de suas funções. "Não podemos, com o nosso silêncio, estar coniventes com uma violação dos direitos humanos de forma reiterada, por mais que tenhamos interesses econômicos e relações positivas com o povo daquele país (Nigéria)", disse FHC, ao anunciar a retirada do embaixador. "Temos de demonstrar a nossa insatisfação", completou. O anúncio da retirada do embaixador foi feito às 16h49, pouco depois de o presidente se reunir com Lampreia. Foi por sugestão do ministro que o presidente decidiu retirar Muzzi de Lagos. Cerca de uma hora antes, o presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), cobrara do governo brasileiro um "ato concreto" de protesto contra a Nigéria. O senador, que foi presidente da República de 1985 a 1989, pediu que o governo brasileiro retirasse o embaixador do país na Nigéria, como fizeram os Estados Unidos e países da Europa, sem prejuízo de "outras sanções" que adote. A retirada do embaixador brasileiro de Lagos seria, segundo Sarney, "um primeiro sinal diplomático da nossa inconformação diante desse gesto, não excluindo outras sanções que o Brasil deve compartilhar com outros países". Lampreia disse à Folha, após o anúncio, que a sua sugestão em nada tem a ver com o discurso feito pela manhã por Sarney. O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse que a decisão foi tomada ontem por ser o primeiro dia útil após a ocorrência. Texto Anterior: Ato não foi religioso, diz rabino Próximo Texto: Francês é condenado por matar pró-nazista; Alemanha adia júri de ex-líder comunista; Atentados deixam 25 feridos na Argélia; O NÚMERO; Ieltsin retoma rotina de trabalho no hospital; Justiça deve confirmar extradição de Priebke; Líder guerrilheira morre no Sri Lanka; 'Casa dos Horrores' pode ter mais mortes; China condena dono de discoteca incendiada Índice |
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