São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 1995
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Sem irregularidades; Livre negociação; Urinoterapia; Saudade universal; Cidadã incomum

Sem irregularidades
"No dia 8/11 tomei conhecimento de uma reportagem publicada em 28/10. Com surpresa, vi meu nome nominado naquela reportagem. Milhares de leitores da Folha podem ter sido induzidos à dúvida quanto ao meu envolvimento ou não com o lamentável episódio que envolve ex-dirigente do Banco do Estado de Goiás -BEG. O governo de meu Estado está tomando as providências necessárias visando rigorosa apuração de possíveis irregularidades ocorridas no Banco do Estado de Goiás, para a punição dos culpados. Se como governador por dois mandatos não permiti que o BEG fosse usado para atender a interesses pessoais ou de grupos, não seria fora do governo que iria ajudar a quem quer que seja, principalmente para atender a interesses escusos. Deixei o governo de Goiás em abril de 1994, para candidatar-me ao Senado, e as operações irregulares vieram a ocorrer a partir de setembro, portanto, cinco meses depois, quando me encontrava em franca campanha."
Iris Rezende, senador pelo PMDB-GO (Brasília, DF)

Livre negociação
"A respeito do resultado da campanha salarial dos metalúrgicos da Força Sindical, gostaríamos de esclarecer algumas questões: negociamos exaustivamente com os 25 grupos patronais que compõem o setor metalúrgico. Foi uma negociação que respeitou o princípio da livre negociação, tendo, inclusive, diversas reuniões de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho, que fez o papel de mediador. Depois de longas discussões na tentativa de evitar a greve, foram fechados acordos com 19 grupos patronais, beneficiando 600 mil metalúrgicos. Esses empresários enxergaram na proposta dos trabalhadores a maturidade exigida pelo momento atual da economia e tiveram sensibilidade para chegar a um consenso com os trabalhadores. Quanto aos sindicatos comandados pelo Sindipeças, o acordo não aconteceu porque o presidente dessa entidade está mais interessado em chantagear o governo para obter vantagens e linhas de crédito especiais para o seu setor. Eles se mantiveram intransigentes durante toda a negociação, admitindo pagar apenas o IPC-r, ou seja, a inflação de novembro a junho de 95, e ameaçavam demitir 20 mil trabalhadores do setor. Uma jogada sórdida que não encontrou respaldo no TRT. É importante lembrar que o setor faturou neste ano 15% a mais do que no ano passado; isso representa um faturamento extra de US$ 3 bilhões, conforme reportagem publicada pela Folha (12/11). O que o Tribunal Regional do Trabalho fez foi apenas estender o acordo feito com os demais setores para o setor de autopeças, e isso não se traduz em indexação. Isso se traduz em isonomia, prevista na Constituição, que há mais de 30 anos norteia a política salarial dos metalúrgicos. Portanto os acordos com os sindicatos patronais se basearam na livre negociação, inclusive na escolha do índice que complementou o reajuste somado ao IPC-r. Nenhum trabalhador quer a greve, mas ela se torna inevitável quando maus empresários, por vaidades pessoais ou interesses alheios à dificuldade econômica, tentam desestabilizar a relação capital/trabalho."
Paulo Pereira da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (São Paulo, SP)

Urinoterapia
"Sendo médico, acupunturista e terapeuta naturista, venho felicitar a Folha pela reportagem "Igreja receita urina para tratar câncer e até Aids". Só quero acrescentar algumas informações: 1) ao contrário das fezes, a urina normalmente é um líquido estéril filtrado pelos rins. É muito limpa, sem bactérias e sujeiras. O nojo da urina é apenas preconceito cultural; 2) as substâncias ingeridas em excesso são excretadas pelo organismo. O exemplo mais comum é a vitamina C e complexo B. Para economizar dinheiro, sugiro às pessoas que tomem muitas vitaminas a beber a própria urina; 3) caso a pessoa esteja com infecção urinária, a sua urina conterá bactérias, glóbulos brancos e anticorpos. A ingestão dessa urina estimulará as defesas imunológicas do organismo, combatendo a infecção. Tais bactérias são prejudiciais somente no trato urinário. No tubo digestivo, essas bactérias serão destruídas ou incorporadas à flora bacteriana normal do intestino; 4) se a pessoa continuar com nojo da própria urina, sugiro então preparar tal urina homeopaticamente, isto é, diluindo e chacoalhando de modo a aproveitar a energia curativa da urina. No futuro, talvez os bares possam oferecer batidas ou vitaminas feitas com a urina do próprio freguês!"
Wu Tou Kwang (São Paulo, SP)

"Um pastor de uma igreja neopentecostal agrediu um símbolo católico importante e a Igreja Católica se mostrou muito ofendida. Por outro lado, esta mesma igreja agride seres humanos ao recomendar a ingestão de urina como tratamento ou prevenção de várias doenças, dando falsas esperanças de cura para doenças como Aids, câncer, impotência sexual, reumatismo e obesidade (Folha, 11/11)."
Jaime Luiz Crespin (São Paulo, SP)

Sucesso nacional
"Como artista plástico e leitor assinante da Folha gostaria de retificar a reportagem da Ilustrada 'Ana Maria Pacheco é sucesso em Londres', do ilustre e admirável Nicolau Sevcenko, por quem tenho o maior respeito. A artista já expôs em São Paulo, na mostra 'Os Novos Viajantes', no Sesc Pompéia, no período de setembro a outubro de 1994, sob a curadoria do crítico e pesquisador de arte Jacob Klintowitz."
Cildo Oliveira (São Paulo, SP)

Nota da Redação - Leia a seção Erramos abaixo.

Saudade universal
"O 'Posfácio' da Revista da Folha de 29/10 afirma que a palavra saudade só existe em português. Na linha do 'vamos parar com os chutes', solicito retificação, pois a palavra é corrente em espanhol. Reporto-me ao "Pequeno Larrousse Ilustrado", edição 1971, pág. 930, onde a palavra está consignada, e abono seu uso com o poema 'Balada a Claribel', do grande poeta boliviano Franz Tamayo."
Alfredo Spínola de Mello Neto (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Caio Túlio Costa - O fato de os brasileiros usarem palavras de outras línguas não tira delas as suas origens. O poeta boliviano citado pelo leitor fez o mesmo: usou a palavra "saudade" e sua origem é galaico-portuguesa. O leitor pode conferir em dicionários de espanhol-português, como o de Julio Martínez Almoyna (da Real Academia Gallega), publicado pela Porto Editora.

Cidadã incomum
"Lamentável a decisão do STF, tomada em 8/11, de rejeitar a denúncia contra a ex-ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello, acusada de corrupção. O ministro-relator sustentou em seu voto que 'faltaram provas para estabelecer a relação suspeita entre Zélia e a empresa Fiat, afinal ela recebeu o carro em março de 91 e só pagou 13 meses depois. O que houve foi um desconto de 47% no valor do carro, que custava na época Cr$ 33.650.000,00 e a ministra pagou Cr$ 17.840.000,00'. Imaginem qual seria o desfecho se o envolvido fosse um cidadão comum."
Alexandre Marcon Fernandes (Florianópolis, SC)

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