São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 1995
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Sem-terra acusam juiz e promotor

DA REPORTAGEM LOCAL

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) acusou ontem o juiz e o promotor da Comarca de Pirapozinho (SP) de participação em uma "operação tartaruga" para dificultar a libertação de líderes do movimento que estão presos em São paulo.
Diolinda Alves de Souza e Márcio Barreto são os sem-terra presos. "Existe uma operação tartaruga em andamento para impedir a libertação de Diolinda e Márcio", afirmou o advogado do MST, Luiz Eduardo Greenhalgh.
"Nós pedimos ao Judiciário que não brinque com os trabalhadores", emendou Gilmar Mauro, da direção nacional do MST.
Greenhalgh listou alguns fatos que, segundo ele, comprovam a intenção de atrasar a soltura de Diolinda e Barreto.
Depois, ainda segundo Greenhalgh, o Tribunal de Justiça de São Paulo solicitou do juiz a remessa dos originais das informações sobre o processo dos sem-terra, para com esse material decidir sobre o pedido de habeas corpus para os presos.
"O juiz de Pirapozinho informou que mandou o material, mas que ele foi extraviado no correio, o que é incomum", declarou o advogado dos sem-terra.
Greenhalgh criticou também o promotor Paulo Sérgio Ribeiro da Silva. Ao receber do juiz o pedido para opinar sobre a revogação ou não da prisão preventiva, Silva pediu diligências em duas áreas ocupadas pelos sem-terra na região do Pontal do Paranapanema, local do conflito fundiário que originou a prisão de Diolinda e Barreto.
Silva pediu diligências nos barracões da Companhia Energética de São Paulo, na cidade de Sandovalina, e na fazenda São Domingos, que já fora desocupada pelo MST.
"Ao deferir o pedido do promotor, o juiz transformou Márcio e Diolinda em reféns. A liberdade dos dois não tem nada a ver com a desocupação daquelas áreas", acha Greenhalgh.
Mauro endossou as críticas do advogado ao juiz e ao promotor de Pirapozinho. O líder dos sem-terras chegou a fazer uma ameaça. "Nós não podemos segurar por muito tempo a situação de uma população que é atacada. Ela (população) pode reagir de qualquer maneira", afirmou o dirigente do MST, que se recusou a especificar o tipo de reação que pode ocorrer.
Se a prisão preventiva não for revogada pelo juiz de Pirapozinho, o pedido de habeas corpus será analisado segunda-feira pela primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo.

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