São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 1995 |
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Brizola vê nazistas no PR; Lerner reage
MÔNICA SANTANNA
Brizola criticou a ação da PM paranaense no despejo de 47 famílias de sem-terra, ocorrido há uma semana, da fazenda Saudade. A ação deixou 21 pessoas feridas. Ele disse, segundo boletim oficial do PDT divulgado ontem, que "o governador Jaime Lerner foi envolvido por aquela turma de nazistas", referindo-se à cúpula da PM e ao secretário de Segurança Pública do Estado, Cândido Martins de Oliveira. Brizola se dispôs a ir anteontem a Curitiba para cobrar de Lerner uma posição sobre a ação da polícia, mas foi impedido por Lerner. A Agência Folha apurou que Lerner pediu a Brizola para não ir a Curitiba, sob o risco de não ser recebido no Palácio Iguaçu (sede do governo do Estado). Lerner não gostou das críticas feitas por Brizola e teria dito ao ex-presidente nacional do PDT Neiva Moreira que as declarações de Brizola foram inoportunas. O governador paranaense, segundo apurou a Agência Folha, disse a Brizola que o respeitava, mas que sabia administrar o Estado e escolher seus secretários. A Executiva Nacional do PDT divulgou ontem comunicado informando que o partido considerou "desnecessária" a ida ao Paraná de seu dirigente nacional, Leonel Brizola, devido aos esclarecimentos prestados pelo governador. Pronunciamento Em pronunciamento ontem em cadeia estadual de rádio e TV, Jaime Lerner não explicou a ação da Polícia Militar no despejo dos sem-terra da fazenda Saudade. No pronunciamento, de três minutos, ele lamentou o episódio e disse ter ficado "profundamente chocado". O governador não defendeu a ação da polícia nem acusou os sem-terra de terem iniciado o conflito, como havia feito na sexta-feira passada. "Eu não tenho história de violência na minha vida. Nos meus três mandatos na prefeitura e nestes dez meses de governo a orientação sempre foi a de ponderação e do sentimento de amor para com todos", afirmou Lerner. Ele anunciou a formação de uma comissão com membros da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), direitos humanos e igreja para o esclarecimento dos fatos e apuração das responsabilidades. Na próxima segunda-feira o secretário de Segurança Pública do Estado, Cândido Martins de Oliveira, deve prestar depoimento na Assembléia Legislativa. Oliveira mandou um ofício aos deputados, informando que estava disposto a esclarecer todos os fatos. A Agência Folha tentou falar com o secretário ontem, mas não conseguiu localizá-lo. Foi convocado também a prestar depoimentos o capitão Gilberto dos Santos, que coordenou os 90 policiais que participaram da ação. Texto Anterior: Cineasta faz exorcismo no Planalto Próximo Texto: Acordo adia retirada de invasores no Pará Índice |
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