São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 1995
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Larry King dá aula de 'bate-papo' na TV

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Livro: "O Melhor de Larry King - As Grandes Entrevistas"
Preço: R$ 29,00 (324 págs.)

Os jornalistas gostam de dizer que não existem perguntas embaraçosas, mas apenas respostas embaraçosas. O livro com que o apresentador Larry King comemora os dez anos de seu programa de entrevistas na rede de televisão CNN desmente a máxima e ensina que mesmo um bate-papo descontraído entre amigos pode ser informativo e engraçado, sem ser chato.
"Larry King Live", captado no Brasil por assinantes da TVA e da NET, completou dez anos e 35 mil entrevistas em junho passado. O fato foi festejado com o lançamento deste "O Melhor de Larry King - As Grandes Entrevistas", que acaba de sair no Brasil.
O programa de King se considera o único "talk-show" interativo do mundo porque atinge, em tese, 150 milhões de residências em mais de 200 países e qualquer espectador pode tentar telefonar para a CNN e fazer perguntas aos entrevistados, ao vivo.
Larry King contabiliza entre os seus maiores feitos o debate entre o vice-presidente dos EUA, Al Gore, e o ex-candidato presidencial Ross Perot sobre o Nafta (acordo de livre comércio entre EUA, Canadá e México), em 9 de novembro de 93. Nesse dia, diz a produção, 2,2 milhões de pessoas tentaram ligar para Larry King.
O livro, que traz 24 entrevistas, reproduz esse debate e traz também outras entrevistas com políticos, como Ronald Reagan (a quem King perguntou: "Como foi realmente a sensação de levar um tiro?" e ouviu: "A sensação foi que eu não sabia que tinha levado um tiro"), George Bush, Margaret Thatcher e Mikhail Gorbatchev.
Nessas ocasiões, e também quando entrevistou o coronel Oliver North, acusado de envolvimento num escândalo na era Reagan, ou o general Norman Schwarzkope, que comandou o exército dos EUA na Guerra do Golfo, Larry King não disfarça a admiração que sente por seus entrevistados e até os bajula.
"Você é cordial. É maravilhoso ter você por perto", disse King na conversa com North, por exemplo.
O entrevistador sempre rejeitou esse tipo de crítica: "Não vou ao ar tentando provar um ponto de vista. Busco apenas fazer boas perguntas", costuma dizer.
King tem facilidade para fazer boas perguntas, especialmente quando à sua frente estão sentadas personalidades do show-business.
"Você já fez plástica no rosto", perguntou, de repente, no meio de uma entrevista com o comediante Bob Hope. "Meu Deus! Está brincando? Acha que, se eu tivesse feito plástica, ainda seria assim?", respondeu Hope, mostrando o seu perfil para a câmera.
Outra boa entrevista reproduzida no livro foi a realizada com o escritor Stephen King, autor de "Carrie" e "O Iluminado", entre outros livros de mistério e terror.
"Tudo que você escreve vende, não é mesmo?", perguntou Larry. "Até agora sim, mas eu gosto de pensar que é porque tenho escrito as coisas certas. Há críticos que dizem 'ele poderia publicar sua lista de lavanderia', mas eu não acho que ela seria um best seller".
Entre outros feitos, Larry King levou a seu programa, em 88, o cantor Frank Sinatra e, em 94, o ator Marlon Brando -dois artistas que odeiam entrevistas e muito raramente falam com jornalistas.
Como tudo é show, a conversa com Sinatra acabou num dueto e a com Brando, num beijo.

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