São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 1995
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Golpista deve ser eleito na Argélia

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

O general da reserva e atual presidente da Argélia, Liamine Zéroual, deve vencer a primeira eleição presidencial realizada neste país do norte da África, que foi colônia da França até 1962.
Argelinos no exterior estão votando desde a semana passada. Em território argelino, a votação começou na segunda-feira.
Tiveram prioridade os membros das Forças Armadas e policiais, que estarão assim liberados para garantir a segurança da votação geral, que começa amanhã.
Urnas itinerantes foram enviadas também na segunda-feira para o sul do país, para as pequenas vilas e ao encontro de caravanas nômades do Saara.
Os cinco partidos mais votados no primeiro turno da eleição legislativa de 1991 convocaram a população a boicotar a votação. Para eles, a eleição presidencial foi armada para dar a vitória a Zéroual. Há outros três candidatos.
O país está em guerra civil desde janeiro de 1992, quando um golpe dissolveu o Parlamento, cancelou a eleição em curso e colocou no poder uma junta militar.
O novo Parlamento seria dominado pela FIS (Frente Islâmica de Salvação), de tendência fundamentalista. Desde meados de 1991, seus principais líderes estão na prisão. Depois do golpe, o partido foi dissolvido.
Cerca de 40 mil pessoas morreram no conflito que opõe o governo aos guerrilheiros do GIA (Grupo Islâmico Armado) e do EIS (Exército Islâmico de Salvação). Há cerca de 23 mil presos políticos, e a imprensa é censurada.
Por causa do suposto apoio francês ao regime argelino, o GIA teria cometido atentados terroristas na França neste ano. Desde domingo, medidas extras de segurança foram tomadas para evitar ataques terroristas durante a votação.
As estradas na saída da capital, Argel, estão vigiadas por barricadas de homens armados protegidas por sacos de areia. Todos os ônibus e caminhões que chegam à cidade são revistados.
Escolas e feiras livres foram fechadas nesta semana. As competições esportivas foram adiadas.
A campanha acabou na segunda-feira. No último comício, o general Zéroual disse que a guerra civil é um "complô tramado no exterior, com apoio no país". Zéroual disse que os guerrilheiros são, na maioria, filhos de argelinos que serviram no Exército colonial francês.
Ontem, uma bomba explodiu em frente a uma delegacia de polícia em Souk el Tenine, 90 km a leste da capital Argel, deixando três mortos e sete feridos. O GIA é o principal suspeito.

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