São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 1995
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Chacina 45

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

A Manchete exagera no zelo.
Registrando nova chacina na periferia de São Paulo, outra que atingiu consumidores e não traficantes, a emissora falou em "triplo homicídio", o que até o apresentador estranhou.
É verdade que o delegado ouvido não ajudou. Também exageradamente zeloso, disse que "os três foram mortos no mesmo contexto". No mesmo contexto... vale dizer, talvez, pelos mesmos matadores.
Mas a Bandeirantes não se conteve, como a Manchete. "Mais uma chacina em São Paulo", entregou. "É a 45ª chacina só este ano."
Talvez sejam as dezenas de chacinas o motivo do zelo da Manchete. São tantas chacinas que a palavra como que perdeu o impacto. Tornou-se clichê. Banalizou o crime.

Mais um
Boris Casoy está cercado.
No Jornal Nacional, Lillian Witte Fibe está carregada de opiniões, ainda que todas elas sob controle. E agora é Carlos Nascimento, em seu SP Já, que vai tomando gosto pela coisa -talvez estimulado, também ele em teste.
Ontem, depois de entrevistas com mães desesperadas com a secretaria de Educação, pelas mudanças nas escolas públicas, o âncora surgiu com opinião à Boris Casoy, até com alguma indignação, mas confundiu-se e acabou sem opinião:
- É, não há dúvidas de que a intenção da secretaria é das melhores. Agora, é preciso que haja um amplo esclarecimento para os pais, para que não haja dúvidas.
Amplo esclarecimento é o que se exige, quando não se tem o que exigir.

Maluf e Covas
Em São Paulo, o prefeito não perde oportunidade de fustigar o governador. Na CBN:
- O prefeito Paulo Maluf dispensa as ações do Banespa. Para o prefeito, a solução para o banco é a privatização.
E privatização é tudo o que não quer o governador Mário Covas -que um dia sonhou unir todos os políticos paulistas contra o Banco Central.
Ontem, Maluf não deixou margem de dúvida:
- Esses bancos começam com boas intenções e terminam cabides de emprego.
- A prefeitura não cogita ter um banco, nenhum, nem o Banespa, nem qualquer banco. Nós não queremos ter banco.

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