São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 1995
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Pelé reafirma elo entre política e corrupção

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro extraordinário dos Esportes, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, reafirmou ontem que a imagem do político no Brasil está associada à corrupção e voltou a pregar o voto negro.
Anteontem, o ministro disse a representantes de entidades do movimento negro que político no Brasil é sinônimo de corrupto e que negro tem que votar em negro.
"O povo todo sabe disso, o povo todo diz. Infelizmente, no Brasil, a imagem do político está decadente. Não podemos tapar o sol com a peneira. Temos problemas sérios nas Câmaras de Vereadores, na Câmara dos Deputados", disse Pelé.
O ministro afirmou que essa imagem hoje está mudando e que tem "orgulho" de pertencer a um governo sério, mas incluiu também o governo nos setores políticos que têm problemas. "Tenho certeza de que o Brasil atravessa uma fase boa, estamos com um governo sério, que não tem jogadas, pelo menos como tinha antigamente", disse.
Pelé deu ontem o pontapé inicial de um jogo válido pelo Campeonato Nacional de Trabalhadores em Transportes, organizado pela CNT (Confederação Nacional dos Transportes).
O jogo ocorreu em Taguatinga (cidade-satélite de Brasília). Pelé deu autógrafos e posou para fotos com os jogadores que disputam o campeonato.
O ministro afirmou que, se os negros estão reivindicando melhorias, eles têm de escolher bem os candidatos: "De uma maneira geral, o negro também teria de votar no negro. No Brasil, um país mulato como dizem, você vê que os negros não têm uma boa representatividade no Congresso".
Pelé afirmou que suas declarações publicadas nos jornais de ontem foram "pinçadas" de uma conversa "ampla" que ele teve com o o movimento negro.
"Ninguém citou o Congresso. Falamos de uma maneira geral o que o povo acha, algumas vezes com muita razão", disse.
"Numa conversa global, se você pincelar cinco segundos, você pode incriminar até Jesus Cristo", afirmou Pelé. Ele disse que ligou para o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), para explicar suas declarações
"Bati um papo com (Luís) Eduardo Magalhães e afirmei que, dentro do contexto, tínhamos de tentar mudar o Congresso e mudar os nossos políticos porque parte deles são corruptos", disse. Segundo ele, em todos os lugares, há pessoas sérias e desonestas.

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