São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 1995
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Governo não sabia de destruição arqueológica

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A assessoria de imprensa da Presidência da República disse ontem que o governo federal desconhecia "completamente" o fato de que a montagem do palanque da festa de Zumbi na Serra da Barriga, em União dos Palmares (AL), teria destruído vestígios arqueológicos.
A festa está marcada para segunda-feira, dia em que se rememoram os 300 anos da morte do líder negro.
Uma reportagem da Agência Folha publicada no último sábado, dia 11, revelou que a Prefeitura de União dos Palmares estava usando uma motoniveladora no local que abrigou o Quilombo dos Palmares, para preparar a festa.
Por causa dos trabalhos, foram destruídos três potes de cerâmica contendo dentes humanos e búzios. Em cerca de dois anos de pesquisa arqueológica no local, entre 92 e 93, nunca havia sido encontrado um pote inteiro, mas apenas cacos.
O membro da organização World Archaeological Congress, Paulo Zanettini, enviou à assessoria de imprensa da presidência da República correspondência em que citava a reportagem da Folha, pedindo providências ao presidente.
"Basta alterar o local do evento, deslocando-o do alto da serra da Barriga", disse Zanettini.
Segundo a assessoria, a decisão sobre a montagem do palanque é de responsabilidade da Prefeitura de União dos Palmares.
"Mas a Casa Militar, que organiza todas as viagens do presidente da República, dentro e fora do país, está averiguando o problema", disse a assessoria.
A festa programada para acontecer no local onde estava o quilombo deve contar, além de FHC, com os presidentes de Angola e Moçambique, que mais forneceram escravos para o Brasil.
Outros países africanos estarão representados por seus embaixadores no Brasil. Todos os 26 secretários estaduais de cultura do Brasil já confirmaram presença.

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