São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 1995
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Redução de cota cria incidente diplomático

VALDO CRUZ; LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A redução de US$ 250 para US$ 150 do limite de isenção do Imposto de Importação nas compras trazidas como bagagem nas fronteiras terrestres provocou um conflito diplomático entre Brasil e Paraguai.
O Ministério das Relações Exteriores exigiu a retratação pública do diretor-geral da alfândega do Paraguai, Ruben Fadlala. Na última segunda-feira, ele declarou que seu país "não pode servir de bode expiatório para os problemas da economia brasileira".
Segundo a Folha apurou, Fadlala insinuou a existência de corrupção nos órgãos governamentais responsáveis pelo combate ao contrabando no Brasil. O Itamaraty reagiu na noite de terça-feira pedindo explicações ao embaixador do Paraguai em Brasília, Dido Florentino.
Além do protesto apresentado ao Paraguai pelo Itamaraty, o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, comunicou à Embaixada do Paraguai que Fadlala não será mais considerado interlocutor válido perante o fisco brasileiro.
Em nota oficial divulgada na terça-feira, a Receita repeliu as "afirmações injuriosas, insubsistentes e inamistosas do chefe da aduana paraguaia". O texto diz ainda que as medidas são irreversíveis e que a Receita não vai se afastar do propósito de combater o contrabando.
O embaixador paraguaio disse ontem que as declarações de Fadlala não acusam "diretamente" de corrupção os fiscais da Ponte da Amizade (entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, por onde necessariamente passam todas as mercadorias trazidas do Paraguai).
"Corrupção existe no Paraguai e em todas as partes. Dificilmente a fiscalização é completamente honesta, principalmente quando o tráfego de mercadorias é tão grande", afirmou Florentino.
Segundo Florentino, as "fortes" declarações do diretor da alfândega se devem à recusa do Paraguai em aceitar ser identificado com o contrabando. "Isto não é verdade porque há um intenso comércio legal entre nós e o Brasil."
Como a Receita pretende adotar novas medidas de restrição à entrada das mercadorias, as duas diplomacias criaram um grupo de trabalho que estudará formas de combater ao contrabando.
(Valdo Cruz e Liliana Lavoratti)

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