São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 1995
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Paralisação nos EUA entra no terceiro dia

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A paralisação parcial do governo dos EUA entra hoje em seu terceiro dia sem perspectiva de solução. O presidente da Câmara dos Representantes (deputados), Newt Gingrich, disse ontem que ela pode durar três meses.
Gingrich e seus aliados da oposição no Congresso e o presidente Bill Clinton mantiveram sua guerra de acusações. Clinton não participou de reuniões na terça-feira. Foi representado pelo seu chefe de gabinete.
O maior sindicato de funcionários públicos federais do país, a American Federation of Government Employees, entra hoje na Justiça com pedido para sustar a paralisação do governo.
O Departamento de Justiça disse que, se a ação do sindicato for acolhida, "as consequências serão catastróficas".
As atividades não-essenciais do governo foram paralisadas na terça, quando expirou lei que permitia à administração funcionar sem Orçamento para o ano fiscal de 1996, iniciado em 1º de outubro.
Devido à crise, Clinton cancelou visita que faria ao Japão. Em seu lugar, irá seu vice, Al Gore.
O Congresso, dominado pela oposição, aprovou projetos para estender a autorização provisória, mas Clinton vetou-os porque neles haviam sido acopladas resoluções políticas do programa da oposição.
Nos EUA, a legislação impede o presidente de vetar trechos de projetos de lei enviados a ele.
Outro projeto
As discussões, ontem, se centraram na possibilidade de aprovar outro projeto que apenas autorize a continuidade das operações do governo.
A oposição desistiu de todas as medidas que antes havia acoplado a essa autorização, menos uma: a do compromisso de equilibrar o Orçamento federal até 2002.
Clinton diz que só não vetará projeto que chegue à sua mesa sem outra medida exceto a autorização para o governo funcionar.
Nas reuniões de ontem nem se chegou a tratar do Orçamento em si, o motivo da crise.
O secretário do Tesouro, Robert Rubin, reafirmou ontem que o governo já tem dinheiro para fazer os pagamentos de juros da dívida pública no valor de US$ 102 bilhões, que vencem esta semana.
Mas ele também vai enfrentar na Justiça contestações à sua decisão de sacar esse dinheiro de fundos de pensão dos funcionários públicos federais.
A atividade econômica mais afetada pela paralisação do governo federal dos EUA está sendo, por enquanto, a do turimo. Cálculos preliminares indicam perdas no setor de US$ 300 mil por dia.
Todos os parques, florestas e monumentos federais do país estão fechados. Em 1994, eles receberam 280 miolhões de turistas.
Entre esses pontos estão a Golden Gate, em São Francisco (15 milhões de turistas em 1994), o Grand Canyon, no Arizona (5 milhões) e a Estátua da Liberdade, em Nova York (4,5 milhôes).
Inflação
O índice de preços ao consumidor de outubro nos EUA ficou 0,3%, informou o Departamento do Trabalho.
Em setembro, a inflação havia ficado em 0,1%; A expectativa do governo era de 0,2%.
Segundo o Federal Reserv (banco central), a produção industrial norte-americana caiu 0,3% em outubro, impulsionada por "fatores extraordinários".
Ontem, o Fed dicidiu manter a taxa de juros de longo prazo em 5,75, como era esperado.
Pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Gallup apura que a ação de Clinton está sendo bem recebida pela opinião pública. Foram ouvidas 650 pessoas em todo o país (veja quadro).
Com agências internacionais

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