São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 1995
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Calendário inova com top models nuas

LUIS HENRIQUE AMARAL
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

A casa da família da princesa Diana em Londres, a "Spencer House", foi o cenário na noite da última quinta-feira do lançamento de uma folhinha de mulher pelada, tipo de borracharia mesmo.
Os nobres não moram mais na casa, construída no século 18, mas a alugam para eventos como esse, promovido pela unidade inglesa da Pirelli para lançar o calendário internacional da empresa de 1996.
Não se trata de uma folhinha comum. As mulheres são top models como Kristen McNenamy, Eva Herzigova e Tatjana Patitz (esta última desfilou ano passado no Rio de Janeiro para o estilista Ocimar Versolato). Há também uma atriz: Nastassja Kinski.
Elas se revezam em treze fotos, a capa e mais doze meses.
Participaram ainda do calendário a modelo vietnamita Navia Nguyen e a modelo e atriz Carré Otis, conhecida do público brasileiro por sua atuação no filme "Orquídea Selvagem", no qual contracena com o namorado, o ator e boxeador Mickey Rourke, que compareceu ao lançamento.
Para confeccionar o calendário, a Pirelli gastou US$ 1,5 milhão. Ele será distribuído a 40 mil pessoas em todo o mundo. A maior parte delas será de executivos e parceiros comerciais da empresa.
"É uma peça de propaganda institucional, como um livro de arte", diz Giocchino del Bazzo, diretor de marketing da Pirelli.
Para fotografar as modelos, foi escolhido o alemão Peter Lindbergh, 50.
Em seu currículo, Lindbergh tem diversas campanhas para estilistas como Giorgio Armani e Calvin Klein, além de propagandas de perfumes como o Lancôme "Trésor", com Isabella Rossellini.
"A idéia do calendário foi captar diferentes formas de beleza de cada uma das modelos", disse o fotógrafo, que batizou o trabalho de "Visões Atemporais".
"Nastassja Kinski é como o ar, tem uma beleza quase transparente. Tatjana Patitz é calma, muito forte e tem um rosto clássico. Kristen McNenamy, graciosa, tem um corpo andrógino, Carré Otis é forte e selvagem. Eva é natural e, Navia, inocente", completou.
As fotos foram feitas em El Mirage, uma pequena cidade do deserto da Califórnia (EUA). O trabalho durou duas semanas e foi realizado em preto e branco.
Para Lindbergh, o preto e branco foi escolhido porque "quando se vê uma foto colorida está se olhando para um primeiro degrau da realidade. O preto e branco é uma interpretação, que faz você ver que a foto não é a vida real, mas o leva para dentro dela".
Ao contrário do calendário de 95, assinado pelo papa da fotografia de moda Richard Avedon, o de 96 é marcado pela simplicidade.
Não foi usado nenhum efeito especial. Na maioria das fotos, as modelos estão nuas ou usando uma roupa simples.
No de 95, Avedon fez cada modelo representar uma estação do ano. Para isso, ele aplicou gelo no rosto da top model Nadja Auermann, que fez o inverno.
Na celebrada modelo inglesa Naomi Campbell, o fotógrafo aplicou areia, ouro e borboletas, em três fotos que lembravam o verão.
"Neste ano nós mudamos o estilo do calendário porque a moda também mudou", diz Derek Forsyth, diretor de arte que trabalha nos calendários da Pirelli desde sua primeira edição.
O calendário internacional da Pirelli foi criado em 1964 e chegou a ter sua distribuição suspensa no Brasil durante o regime militar.
Temendo a censura às mulheres nuas, a filial brasileira da indústria de pneus distribuía calendários com paisagens, animais e florestas brasileiros.
Este ano, 2.000 pessoas foram selecionadas para receber o calendário no Brasil.

O jornalista LUIS HENRIQUE AMARAL viajou a Londres a convite da Pirelli

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