São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 1995
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Documentário sobre Chateaubriand será exibido pela Globosat em março

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

A biografia do jornalista Assis Chateaubriand, escrita por Fernando Morais, começa a sair do papel: "Chatô, o Rei do Brasil" tem estréia prevista para março no canal por assinatura Globosat/GNT, sob forma de documentário.
O cineasta Walter Lima Júnior já iniciou as filmagens do documentário, uma co-produção entre a Globosat e o ator Guilherme Fontes, que detém os direitos do livro para o cinema e a TV.
Fotos, imagens de televisão e entrevistas serão usadas para recontar a vida de Assis Chateaubriand em sete episódios, abordando temas específicos da vida do jornalista.
"Teríamos que fazer uma pesquisa obrigatória para a realização do filme, no cinema. Eu apenas transformei a pesquisa num produto para a TV", diz Fontes, sem revelar custos do documentário e do filme.
Pelos cálculos do diretor Walter Lima Júnior, no entanto, o documentário está orçado em R$ 350 mil. O projeto está sendo rodado em filme super-16.
O primeiro episódio, o mais caro, contará a vida de Chatô desde o nascimento em Umbuzeiro (PB) até sua ida para Recife. A equipe de Walter Lima Júnior foi à Paraíba e entrevistou parentes e amigos de infância de Chateaubriand.
Outros quatro episódios abordarão a relação de Chatô com o poder, a construção do império jornalístico dos Diários Associados, as relações com a família e as mulheres e a criação do Masp (Museu de Arte Moderna de São Paulo), cujo acervo inicial foi organizado por Chateaubriand.
Outro capítulo tratará do que Walter Lima Júnior chama de "as falcatruas de Chatô", incluindo desde a Ordem do Jagunço, que Chatô criou para homenagear personalidades, até as campanhas difamatórias narradas por Fernando Morais no livro.
Redenção e paradoxo
O último capítulo da série é dedicado aos últimos sete anos de vida de Chateaubriand, após o derrame que o deixou paralisado e o obrigou a aprender a datilografar com um só dedo para continuar escrevendo artigos.
"Eu vejo esses últimos sete anos de vida do Chatô como a redenção para tudo o que ele aprontou. É o personagem mais contraditório que eu já dirigi", afirma Walter Lima Júnior.
O diretor diz que o personagem de Chatô o empolga por seu caráter paradoxal, capaz de conciliar um lado selvagem e um poder civilizador, de se fazer amado e odiado.
Esta semana, Walter Lima Júnior grava em São Paulo imagens do Masp e da casa onde Chatô viveu. A fotografia é de Walter Carvalho, a pesquisa de Ingo Strowski, e a adaptação de texto, de Arthur Mullernberger.
Já gravaram depoimentos para o documentário o escritor Fernando Morais, o senador Darcy Ribeiro (PDT-RJ), o médico e ex-senador Drault Ernanny, a cantora Dóris Monteiro, a filha de Chatô, Teresa Chateaubriand.
"Convivi 35 anos com Chatô e doei seis aviões para a campanha de aviação. Já falei tanto sobre ele, mas há sempre mais a dizer", afirma Drault Ernanny.
Estão previstos depoimentos dos filhos de Chateaubriand, Fred e Gilberto, do escritor Antonio Callado, do jornalista Joel Silveira e de don Hélder Câmara, ex-arcebispo de Olinda e Recife.
O documentário, com o subtítulo de "O selvagem civilizador" tem estréia prevista na Globosat para o dia 15 de março e será exibido em capítulos semanais.
A diretora do núcleo de informações da Globosat, Letícia Muhana, disse que está programada uma reprise em capítulos diários transmitidos em sinal aberto, ou seja, que podem ser captador por antenas parabólicas.
As entrevistas e imagens usadas no documentário deverão fornecer informações para o filme "Chatô", que Fontes pretende começar a gravar em setembro de 1996 e promete colocar em cartaz em março de 1997.
Ele não revela o nome do ator que viverá Chatô nem o diretor do filme. "É um segredo que ainda estou guardando. Estou resolvendo", afirma.

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