São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 1995
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Pelé; Emoção flamenguista; Zumbi; Encruzilhada; Com-terra; Licitações; Opção preferencial

Pelé
"Causa-me pasmo ao ler a Folha em 15/11, onde o sr. Édson Arantes do Nascimento (Pelé) afirma que negro deve votar em negro. Se qualquer brasileiro branco tivesse a ousadia de afirmar que branco deve votar em branco, seria catalogado, sem direito a recursos, de racista. Senhor Édson, perdoe-me, negro deve votar em brasileiro que faça jus, não importando sua origem -o Brasil é o paraíso das raças, não estamos em tempo de discriminá-las."
José Alarico Candioti (Rio Claro, SP)

"O contrário do errado nem sempre é o certo. O que o extraordinário ministro extraordinário dos Esportes, Édson Arantes do Nascimento, o Pelé, disse, foi falta de cabeça."
Sérgio Pinheiro Lopes (São Paulo, SP)

"Em comentário ao artigo de Josias de Souza (15/11): fica confirmada a intolerância de alguns segmentos da sociedade brasileira em relação à manifestação de negros sobre a nossa realidade política e social. Pelé não é nenhum Louis Farrakhan e nem poderia. Pelé é Pelé. E antigamente, quando Pelé se recusava a falar sobre a realidade do negro em nosso Brasil, os tais brancos como esse sr. Josias de Souza aplaudiam porque atendia aos interesses, com o seu silêncio político, da tão decantada ideologia da democracia racial que as elites brancas vendiam sobre o Brasil. Racista é o sr. Josias de Souza, que não tolera a manifestação e a opinião política de negros sobre sua condição no país. Para essa gente somos figuras 'marginais', inexistentes e/ou submissas, bandidas, por isso não podemos nos manifestar. Pelé mudou, conseguiu vislumbrar seu povo e vislumbrou a realidade política e farsante de seu país. Pelé agora está mais pra Zumbi do que aquele negrinho de alma branca que era, que gente como o sr. Josias de Souza adora tanto: o negro em seu lugar, obediente e não-questionador, inferiorizado, cidadão de última classe do Brasil tupiniquim."
Ras Adauto (Rio de Janeiro, RJ)

Resposta do jornalista Josias de Souza - Sou bisneto de negra. E me orgulho disso. O negro tem o dever de manifestar-se sobre sua realidade. Ao fazê-lo, sujeita-se, evidentemente, à crítica. Assim como a honestidade, também a bobagem não tem cor. Sai de bocas negras e brancas.

Emoção flamenguista
"Como torcedor do Flamengo, só tenho a agradecer a imparcialidade deste grande jornal em relação ao time rubro-negro. Hoje (15/11) cheguei a chorar ao ler a Folha. Foi um choro diferente, um choro engasgado, de quem está sentido com todos os jornais, que não sabem que ser flamenguista é ser torcedor mesmo quando o time coleciona derrotas. Confundir a crítica ao Flamengo com a crítica ao desempenho do time atual é terrível. Que o time de agora não vai bem das pernas, tudo bem, mas o Flamengo é muito maior que isso."
Carlos Alberto Magalhães (Rio de Janeiro, RJ)

Zumbi
"O caderno Mais! prestou uma significativa homenagem a Zumbi com a divulgação de pesquisas realizadas sobre essa importante figura brasileira."
Sylvia E. de S. Aranha (São Paulo, SP)

"Importante para a história nacional o resgate que a Folha faz no caderno Mais! (12/11) do papel de Ganga Zumba em Palmares. E é assustador e revoltante como o Brasil continua a tratar seus poucos sítios arqueológicos."
Walter Aguiar, secretário de Planejamento e Meio Ambiente de São José dos Campos (São José dos Campos, SP)

Encruzilhada
"As diversas guerras santas promovidas no Oriente Médio, na Bósnia, até nos Estados Unidos, se caracterizam por uma transformação regressiva do ser humano em animal, e animal doente. Os terroristas são neomuçulmanos, neojudeus, neo-afro-americanos, neopatriotas americanos, neo-alemães -em suma, neo-humanos. O animal sofrendo de raiva é eliminado por um tiro na testa, com pesar e sem ódio. Nossa sobrevivência diante de tais elementos exige também uma reação mortal. Há um "catch 22": contrariando fogo com fogo, estaríamos vendendo nossas almas, virando animais raivosos também. Seria o caso de uma cirurgia bem-sucedida, mas com o paciente acabando morto. Somente uma coisa é certa: a humanidade está na encruzilhada do seu destino."
Hanns John Maier (Ubatuba, SP)

Com-terra
"Há um mês escrevi a esta Folha protestando contra a miopia deste jornal ao abordar as ações do movimento dos sem-terra. Naquela ocasião eu afirmava que a Folha, ao publicar em sua primeira página foto de trator operado por 'sem-terra', tinha perdido a oportunidade de ir além da notícia. A Folha certamente sabia que a imensa maioria dos produtores 'com-terra' neste país jamais tiveram condição de ver uma máquina como aquela sequer passar pelo seu terreno, quanto mais fazê-la trabalhar a terra. Os articulistas deste jornal sabiam que os 'com-terra' passam por dificuldades tão grandes ou maiores que os 'sem-terra'. Entretanto, todos foram tendenciosos e esta Folha foi conivente, preferindo nivelar os produtores rurais por baixo, como se fossem todos grileiros ou abastados latifundiários. Agora, continua se omitindo e nenhum comentário foi feito sobre a estrutura política e empresarial que suporta o movimento dos sem-terra."
Júlio Cláudio de Alvarenga Diniz (Belo Horizonte, MG)

"Não se pode ignorar que em um Estado democrático e regime capitalista o direito de propriedade deve ser garantido como deveria também ser garantido o princípio consagrado na Constituição de direito à propriedade. Brilhante, muito brilhante, o artigo de Fábio Konder Comparato na Folha de 7/11."
Carlos Vitor da Silva (São Carlos, SP)

Licitações
"Sobre reportagens veiculadas em 13/11 e 14/11 referente a licitações de projetos do Geprocav: 1) as licitações questionadas foram promovidas na modalidade 'técnica e preço', em estrito cumprimento ao disposto no artigo 46 da lei federal nº 8.666/93 e suas alterações, com atenção ao parágrafo segundo, incisos I e II; 2) os editais das licitações em discussão não sofreram nenhuma impugnação ou mesmo contestação, quer pelas empresas participantes ou mesmo por entidades de classe, que a tudo acompanharam; 3) as licitações em tela foram processadas e já encontram-se encerradas, inclusive com os respectivos contratos já lavrados; 4) é inadmissível a leviana afirmação do título da reportagem publicada no dia 13/11, que diz 'Prefeitura fere lei de licitações', uma vez que todos os processos licitatórios até a presente data instaurados por esta secretaria estão atendendo os estritos termos legais, sendo processados por comissões de licitações presididas por procuradores do município (concursados e efetivos), além de técnicos do corpo permanente, e submetidos a auditorias permanentes do Tribunal de Contas do Município."
Emilio Azzi, secretário-executivo do Geprocav (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Claudio Augusto - As reportagens informaram que as concorrências foram feitas pela modalidade técnica e preço e que não houve impugnação do edital. Inadmissível e leviano é promover uma licitação em que o maior preço pode levar vantagem na pontuação comercial.

Opção preferencial
"A coluna do ombudsman de 5/11 está perfeita. De fato, fiquei chocado com o 'silêncio obsequioso' presente na foto de uma sem-terra algemada, reiterando a antiga 'opção preferencial pelos pobres' da polícia e da Justiça."
Roberto Romano (São Paulo, SP)

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