São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 1995
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Zinnemann enfoca tragédia americana

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

O que move "A um Passo da Eternidade" (CNT/Gazeta, 20h) não é propriamente a evocação dos momentos que precedem, no Extremo Oriente, o ataque à base norte-americana de Pearl Harbor pelos japoneses.
Por importante que seja o episódio, em 1953 estavam às voltas com a guerra na Coréia e enfrentavam, internamente, a violência da "caça às bruxas", isto é, todo o forte movimento de reavaliação do conceito de lealdade que vitimou comunistas, simpatizantes e até simples passantes nos EUA.
"A Um Passo da Eternidade" tem, portanto, esse tipo de interesse sociológico muito bem fincado. O filme trata, essencialmente, da convivência entre pessoas de natureza e classes sociais distintas, unidos pela iminência da Segunda Guerra Mundial.
Uma convivência conflitiva, mas onde Fred Zinnemann parece apontar a necessidade de entendimento mínimo entre as pessoas como condição para uma existência de um pacto social saudável.
Essa a questão que abalou os EUA entre os anos 40 e 50, e o filme não fica alheio a ela.
Voltar à Segunda Guerra Mundial é uma maneira de evocar essa questão pela negativa. O que caracteriza a base militar mostrada no filme é, em primeiro lugar, a existência de uma organização que vai além das individualidades envolvidas na trama: ela está além das ideologias.
Pode-se discutir isso ou aquilo, mas nunca o fato de esta ou aquela pessoa ser mais ou menos norte-americana. A legitimação é implícita, ao contrário do que se passava na época em que o filme foi feito.
Existe lugar até para um conflito amoroso. Dele deriva a cena mais célebre do filme, a do beijo na praia entre Burt Lancaster e Deborah Kerr. "A um Passo da Eternidade" pode não ser o melhor filme do mundo, mas ainda hoje se aguenta.
(IA)

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