São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 1995
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Ex-presidente da Coréia do Sul é preso

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O ex-presidente da Coréia do Sul Roh Tae-woo foi preso ontem sob a acusação de ter recebido mais de US$ 300 milhões de corrupção, paga por empresários durante o seu governo.
"Sinto muito. Assumo toda a responsabilidade e aceitarei qualquer punição", afirmou o ex-general Roh, 62, pouco antes de ser levado para a prisão. Ele não foi algemado.
No final do mês passado, Roh confessou ter acumulado US$ 654 milhões em doações durante seu mandato (1988-93). Ele disse que, ao final dos anos à frente da Presidência, depositou US$ 230 milhões em contas secretas.
A ordem de prisão cita 30 grandes empresas que teriam dado dinheiro a ele em troca de favorecimento em contratos públicos.
Entre as companhias mencionadas no documento de mil páginas está o grupo Daewoo, acusado de oferecer US$ 13 milhões ao então presidente, em troca de um contrato para a construção de uma base de submarinos.
Se Roh for condenado, sua pena pode variar de dez anos de cadeia até prisão perpétua.
Ele é o primeiro chefe de Estado do país a ser acusado de um crime.
"Espero que os políticos limpem a desconfiança e a discórdia entre eles e estabeleçam uma nova cultura política por meio do compromisso, entendimento mútuo e cooperação com nossos sucessores", disse.
Ele também lamentou o fato de o escândalo ter atingido a comunidade de empresários do país.
Os promotores não permitiram que ele pagasse fiança para responder ao processo em liberdade, com medo de que ele possa destruir provas.
Na chegada à Casa de Detenção de Seul (capital), a limusine que o levava foi atingida por ovos, atirados por pessoas que o chamaram de ladrão.
Ele recebeu seu número de prisioneiro, foi submetido a um exame médico e levado para uma cela, onde deve ficar sozinho.
Membros da procuradoria disseram que, apesar de ter admitido a culpa, Roh não esclareceu como o dinheiro recebido por ele foi gasto.
"Ele admitiu ter ganho dinheiro, mas disse que não conseguira lembrar exatamente quem o deu a ele e quando e onde ele o recebeu", disse um juiz do tribunal de Seul.
O candidato presidencial da oposição na eleição de 1992, Kim Dae-jung, admitiu ter recebido US$ 2,6 milhões de Roh durante a campanha.
Ele acusa o atual presidente, Kim Young-sam, de ter ficado com centenas de milhões de dólares de Roh, que o apoiou.
O presidente nega ter aceito qualquer doação, mas admite que seu partido pode ter sido beneficiado.

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