São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 1995 |
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Yigal Amir reconstitui assassinato de premiê
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS O estudante judeu que confessou o assassinato do premiê de Israel Yitzhak Rabin fez ontem, acompanhado pela polícia, a reconstituição do crime.Yigal Amir, 25, chegou à praça Yitzhak Rabin (ex-praça Reis de Israel) juntamente com policiais por volta das 2h (22h de anteontem em Brasília) vestindo um colete à prova de balas. A segurança da praça foi reforçada, e a área usada para a encenação ficou isolada. Para evitar tumultos, a polícia não divulgou quando seria a reconstituição, obrigatória em casos de assassinatos em Israel. Jornalistas e dezenas de pessoas acompanharam a ação a uma distância de 50 metros. "Assassino, morra. Você é pedaço de lixo", gritaram israelenses que estavam no local. Amir descreveu calmamente aos policiais como agiu na noite de 4 de novembro. Ele indicou o telefone público onde esperou por horas Rabin deixar o palco montado para a demonstração pela paz, que reuniu cerca de 100 mil pessoas. Ao ver o premiê descer as escadas do tablado, Amir entrou no estacionamento reservado, onde foi confundido como um dos motoristas da comitiva de Rabin. Amir estava na frente no carro de Rabin e quando viu que o premiê ia entrar no veículo, foi em sua direção, estendeu o braço direito e disparou contra o premiê. A mão de Amir, com a pistola Beretta 9 mm, usada no dia do crime, ficou a 30 centímetros das costas do premiê. Na encenação, ele usou uma arma de brinquedo. Rabin recebeu dois tiros e morreu pouco tempo depois no hospital Ichilov. Um dos guarda-costas também ficou ferido. Pela reconstituição, dois seguranças caminhavam ao lado de Rabin. Nenhum estava em sua retaguarda. Outros vários policiais estavam distantes do premiê. "Que frieza. É inacreditável. Ele puxou a arma e mirou o quadril de Rabin e 'tac, tac, tac"', disse Hadar Cohen, do jornal israelense "Maariv". "Ele guardou a pistola e continuou a reconstituição como se não fosse nada. Todo mundo, inclusive os policiais, ficaram chocados", afirmou Cohen. Os jornalistas não conseguiram ouvir o que assassino confesso de Rabin falava a um policial que filmava a reconstituição. Amir, um judeu religioso, disse que agiu sozinho e matou Rabin porque este estava entregando as terras de Israel aos palestinos. Uma comissão de inquérito começa domingo a examinar relatórios do serviço de segurança israelense Shin Bet e da polícia sobre as falhas na segurança no dia do assassinato do premiê. A polícia suspeita que Amir faça parte de um complô formado por jovens judeus religiosos. Sete pessoas estão presas, incluindo Hagai Amir, irmão de Yigal. A colona judia Margalit Harshefi, 20 foi presa anteontem. Segundo a polícia, ela é "a figura central e dominante do complô". Investigações sobre os telefonemas feitos por Amir nos últimos meses revelam que o assassino confesso de Rabin ligou para Harshefi diversas vezes, publicou ontem o jornal israelense "Yedioth Ahronot". Segundo o "Yedioth", ela é uma ex-namorada de Amir e parente de um ex-líder do grupo de extrema direita "This Is Our Land" (esta é nossa terra). Dror Adani, preso sob suspeita de participar da morte de Rabin, disse ontem a seu advogado que Amir pediu a ele para encontrar um rabino que autorizasse o crime. Segundo o advogado, o rabino consultado teria rechaçado a idéia. O advogado de Adani, Tsión Amir, se negou a dar o nome do religioso consultado. Michel Epstein, também preso, compareceu ontem ao Tribunal de Tel Aviv para ouvir que ficará preso por mais seis dias. O juiz alegou que a investigação sobre o crime é complicada e muito ampla e por isso Epstein deve ficar mais tempo na prisão. Uma colega de faculdade de Amir disse, em entrevista ao "Yedioth Ahronot", que ouviu o estudante planejar o assassinato de Yitzhak Rabin há cinco meses. "Rabin deve ser morto", disse Hilla Frank, 23, citando o que Amir teria dito a ela no corredor da Universidade Ben Gurion, em junho passado. Texto Anterior: Ex-ministro francês pega cinco anos por corrupção Próximo Texto: Peres vê governo em 1 semana Índice |
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