São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 1995 |
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Congresso: apoio responsável
JOSÉ SARNEY Nesta semana, afirmei a um grupo de 30 jornalistas alemães que visitam o Brasil que o fato mais importante da nossa atualidade é o nível de governabilidade que o Brasil alcançou. Esse suporte dá ao governo condições de executar o seu programa de estabilização e sinalizar interna e externamente confiança e condições de investimento.Ressaltei a competência do presidente Fernando Henrique em, pessoalmente, construir essa base, que tem como pedra fundamental o Congresso Nacional. O perigo não vem do Poder Legislativo. O atual Congresso tem muitos políticos experientes, lideranças competentes e homens com grande espírito público. Seria ingenuidade, contudo, considerá-lo uma corte de anjos, como se ele não fosse uma fatia da sociedade brasileira, com todos os seus defeitos e carmas. Há a consciência de que a estabilidade da economia, a conquista dos baixos índices inflacionários e o Plano Real não podem ser objeto de qualquer contestação ou obstáculo. Temos de oferecer total solidariedade ao esforço pela normalidade do país. Daí o espírito de cooperação, de harmonia e de responsabilidade que existe entre o Executivo e o Legislativo. Não podemos levar o povo brasileiro a qualquer frustração. Todos estamos cansados da crise, exaustos de dificuldades. Isso não significa que o Poder Legislativo seja dependente, submisso, subalterno. Seu apoio, com o resguardo de sua autonomia, manifesta-se claramente em favor das iniciativas de interesse nacional. Só assim as instituições funcionam, ficam fortes, ajudam na conquista de uma sociedade democrática, livre e aberta. Considerar essa atitude hostil é posição primária e esperta. Jogar no Congresso culpas inexistentes é uma forma de enganar a nação. As dificuldades existem. Mas elas estão mais nos juros, no câmbio e na crise bancária do que no ritmo das reformas. Estas estão indo muito bem, nos menores prazos possíveis, e nenhum instrumento de decisão foi negado ao governo. Agora mesmo, o Congresso está dando ao governo condições para vencer a pior ameaça que já pairou sobre o Plano Real: o terremoto do sistema bancário, como aconteceu no México e na Venezuela. A medida provisória profilática desse desastre é difícil de entender e sujeita a interpretações negativas, mas, na verdade, é necessária e urgente. A decisão errada com que o governo tratou o problema do Banco Econômico desdobrou-se em uma ameaça que pode contaminar a confiança no sistema bancário, que tem de ser preservada com a vigilância, a severidade e o rigor moral com que o assunto deve ser administrado, sob pena de, aí sim, o Plano Real enfrentar uma ameaça grave e imprevisível. O governo está agindo com decisão e competência em um assunto dessa magnitude, com a necessária prudência, e o parlamento tem a oportunidade de mostrar, na sua aprovação, que sabe assumir responsabilidades nos momentos precisos. Não há posição irracional no Congresso. Este tem se mantido no terreno de uma oposição crítica. Não é aquela fúria demolidora, irracional e pessoal que eu enfrentei, feita muitas vezes por alguns críticos do Congresso de hoje. Texto Anterior: Neocivilização Próximo Texto: IDENTIDADE; NOCAUTE; QUALIDADE EXCLUÍDA; O OFÍCIO DA LEITURA Índice |
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