São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 1995 |
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Doença provoca aborto e traz prejuízo
SEBASTIÃO NASCIMENTO
Causada por um vírus, o HVB-1, a doença é infecciosa, afeta bovinos de qualquer idade e provoca problemas graves de reprodução, como aborto e diminuição no índice de fertilidade, além de queda na produção de leite. "Há mais de dez anos, análises comprovam a presença da doença no país e diversos órgãos já foram avisados", afirma Roberto Jank Jr., produtor de leite em Descalvado (270 km a noroeste de São Paulo). Até agora, acrescenta o produtor, nada foi feito. Diante da gravidade da doença, alguns criadores chegaram até a contrabandear vacina para uso no rebanho, segundo Jank. "Não tinha outra solução, pois a importação de vacinas era proibida até pouco tempo atrás", diz. A situação é preocupante, na opinião de Jorge Rubez, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite B. Segundo ele, de um ano para cá, a doença vem se disseminando rapidamente. Há cerca de três meses, foi sugerida a formação de um grupo de trabalho formado por técnicos do Instituto Biológico e da Secretaria de Agricultura de São Paulo, diz Rubez. "Mas até agora não existe nada de concreto", lamenta ele. A importação de vacinas da Europa e dos EUA foi autorizada recentemente pelo Ministério da Agricultura e já está sendo feita por algumas empresas. "Mas a importação não resolve o problema. Algumas vacinas se mostraram ineficazes em países da Europa, como a Alemanha", explica Rubez. "Nenhuma vacina elimina o vírus latente (que não se manifesta). Esse é o maior problema no combate à virose", diz Edviges Maristela Pituco, veterinária e pesquisadora da doença no Instituto Biológico de São Paulo. Para a pesquisadora, que fez doutorado na Alemanha, a vacina não cura a IBR/IPV. "Os vírus se conservam no organismo afetado, provavelmente alojado nos tecidos nervosos, e podem se reativar a qualquer momento, retornando ao local da infecção primária". Há outro agravante em relação à importação de vacinas, segundo Maristela. "Quando um rebanho é vacinado contra a IBR, o diagnóstico de todos os animais passa a ser positivo", explica. Maristela recomenda ao criador que perceber qualquer sintoma da doença em seu rebanho procurar um veterinário. "Receber orientação é o melhor caminho e, por enquanto, o único", diz. Texto Anterior: Caminhos abertos no mercado externo Próximo Texto: Suíça abate animais infectados Índice |
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