São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 1995
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Caminhos abertos no mercado externo

DICK CARLOS DE GEUS

O ato de viajar é importante e necessário para todas as pessoas que exercem qualquer tipo de atividade, em qualquer fase da vida.
É nessas viagens, em contato com outras pessoas e culturas, que temos oportunidade de adquirir novos conhecimentos, trocar experiências, rever nossos próprios limites e vislumbrar novos caminhos pessoais e profissionais.
Neste sentido, um giro feito pela Europa e Ásia, em setembro último, me revelou grandes oportunidades de negócios e importantes mudanças em relação ao nosso país.
No Japão, participando de uma comitiva de seis empresas coordenadas pela Associação Brasileira de Agrobusiness (Abag), ao apresentar a Cooperativa Central de Laticínios Paraná Ltda. (CCLPL), surpreendeu-me a presença no auditório de 270 empresários japoneses, quando eram esperados não mais que 150.
A eles, mostramos a empresa com todos os seus produtos, nas três áreas.
Falamos sobre os investimentos feitos a nível do produtor, buscando qualidade e produtividade, e evidenciamos a origem e tradição dos produtos da marca Batavo.
Mostramos também o desempenho alcançado pela Batavo ao longo de 40 anos, revelando nossa pretensão de chegar ao ano 2000 com 30% do faturamento em exportações.
Destacamos que a nossa matéria-prima é comparável à obtida em países do Primeiro Mundo.
Em contrapartida, colhemos a impressão de que existe grande preocupação por parte do Japão em garantir o fornecimento de alimentos para sua população.
Acontece que o Japão está nas mãos de cinco ou seis grandes exportadores, que dominam o mercado, e vê, no Brasil, a oportunidade de um grande fornecedor.
Naturalmente, eles querem saber do nosso potencial, preços, e controle sanitário.
Por outro lado, o mercado japonês vê com preocupação o crescimento de países como a China, e tenta se precaver, porque embora seja muito rico, é também muito dependente de importações.
Duas palestras proferidas por um representante do governo e um representante das grandes tradings nos forneceram o perfil do consumidor japonês, tipos de produtos atraentes, as embalagens mais usuais, tipos de mercados e lojas de departamentos e conveniência.
As palestras foram muito esclarecedoras, no sentido de explicar exatamente o que eles estão querendo em termos de apresentação dos produtos e em relação às questões sanitárias.
A abertura dessa nova frente de negócios pode se dar por meio de duas empresas que trabalham com produtos para "dekasseguis".
Atualmente, cerca de 150 mil brasileiros, descendentes de japoneses, vivem no eixo Tóquio-Kobe, constituindo um mercado considerável e ávido por produtos brasileiros.
No contato mantido com o Raibobank, na Holanda, pudemos verificar que, embora não disponham de recursos para investimentos de longo prazo, os holandeses estão abertos a viabilizar joint ventures.
Neste sentido, aliás, este mês alguns emissários da Holanda visitarão a Sociedade Cooperativa Castrolanda (que compõe o grupo Batavo, junto com Arapoti e Agropecuária Batavo).
O objetivo da missão será estudar a possibilidade de negócios em torno da produção de batatas.
Em maio do próximo ano, o Paraná receberá a visita de cerca de 120 empresários holandeses, acompanhados do ministro da Agricultura e da Pesca.
Eles virão ao Estado para conversar e fazer negócios especialmente na área de agribusiness, depois de visitar São Paulo e Buenos Aires, onde estarão apresentando seus produtos.
Nesta viagem a Holanda, também visitei a cooperativa Friesland Domo International, que recebe 15 milhões de litros de leite por dia e possui uma estrutura muito profissional e bem montada.
O mais importante nesses contatos foi constatar as oportunidades que temos pela frente.
O mercado asiático tem um potencial tremendo e cresce 5% ao ano. Quando eles começarem a comprar, serão mais de 1,600 bilhão de consumidores na China e outros 150 milhões no Japão.
Enquanto isso, a Holanda tem muito a nos oferecer.
A vinda dessa delegação no próximo ano será de extrema importância para o Paraná.
O Brasil está em alta lá fora.
Hoje, tanto na Europa quanto no Japão, o empresariado sabe que o nosso país tem seriedade, tem saldo na balança comercial e paga seus compromissos em dia.
A credibilidade do Brasil cresceu muito no exterior, a partir do controle da inflação.
Por tudo isso, o empresariado brasileiro tem que aproveitar essas oportunidades.
Se quebrarmos a burocracia interna e apresentarmos, com seriedade, bons projetos a esses países vamos conseguir viabilizar nossos propósitos.
Acredito que o dinheiro virá de forma abundante, se abrirmos caminhos, levando projetos verdadeiramente arrojados.
O cooperativismo brasileiro, especialmente, precisa manter seus agentes lá fora, batendo nas portas dos investidores e acenando com possibilidades de negócios.
E seria muito bom e de grande valia que o governo do Paraná também estivesse junto conosco nessa empreitada, onde todos podem sair ganhando.

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