São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 1995
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MST inicia caminhada de 100 km; prefeito tenta conter manifestação

JOSÉ MASCHIO

JOSÉ MASCHIO; GEORGE ALONSO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) começa hoje de manhã uma caminhada de 100 km pela reforma agrária no Pontal do Paranapanema (extremo oeste de São Paulo).
Os sem-terra irão do acampamento na rodovia que liga Teodoro Sampaio (710 km a oeste de São Paulo) a Sandovalina até a cidade de Presidente Prudente.
Durante o trajeto, o MST pretende realizar cadastramento de novos sem-terra na periferia dos municípios por onde passar.
A entidade dos sem-terra quer reunir até o final do ano cerca de 5.000 famílias no acampamento de Sandovalina, onde atualmente já estão vivendo, em 365 barracas de plástico preto, aproximadamente 2.000 famílias. Há um mês existiam ali apenas 37 barracas.
A caminhada, que terá a participação de cerca de 1.500 sem-terra, vai começar às 8h e deverá demorar três dias até a chegada a Presidente Prudente, onde o prefeito é contra a manifestação.
Ontem à tarde, o prefeito de Presidente Prudente, Agripino Lima (PFL), esteve reunido com lideranças dos sem-terra.
Lima disse que desaconselhava a caminhada e pediu ao líder sem-terra José Rainha Jr. que o ato termine em Pirapozinho (17 km distante de Presidente Prudente).
Os prefeitos de Sandovalina, Tarabaí e Pirapozinho, por onde deve passar a caminhada dos sem-terra, apóiam o movimento.
Segundo Carlos Rainha, irmão de José Rainha Jr. e porta-voz do MST no Pontal do Paranapanema, a decisão de impedir a caminhada de chegar a Presidente Prudente é só do prefeito.
"Ele não fala pela comunidade. Se ela decidir, vamos até lá", disse o irmão do líder sem-terra.
Na noite de ontem, José Rainha Jr. estava reunido com sindicalistas e representantes de entidades e Presidente Prudente. O líder queria garantir apoio da comunidade ao ato pela reforma agrária.
A ação dos sem-terra visa diminuir o impacto do protesto de fazendeiros, programado para o próximo dia 27, também em Presidente Prudente.
Para conter a caminhada dos sem-terra, o prefeito Agripino Lima afirmou ontem a Rainha que, se os sem-terra não chegarem até Presidente Prudente, ele não apoiará a manifestação, na segunda-feira, do Sindicato Rural de Presidente Prudente, que reúne os fazendeiros da região.
Os ruralistas buscam com a sua manifestação, denominada "Manifesto Ordem e Progresso", apoio junto à opinião pública.

Colaborou GEORGE ALONSO, da Reportagem Local

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