São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 1995 |
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Sem-terra ocupam duas fazendas em São Paulo e Santa Catarina
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU E EM FLORIANÓPOLIS Sem-terra ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) realizaram ontem invasões de terra em São Paulo e em Santa Catarina.Cerca de 400 pessoas (cem famílias), segundo a entidade, ocuparam ontem de manhã uma área da Fazenda Núcleo Colonial Monzon, em Iaras (318 km a oeste da capital paulista). A Polícia Militar informou que os sem-terra entraram na fazenda às 5h30. Eles montaram barracas de lona e fizeram o preparo da terra para o plantio, derrubando, para isso, algumas árvores. Foi hasteada a bandeira do MST. Segundo a PM, os líderes vieram do Pontal do Paranapanema (extremo oeste de São Paulo). O MST diz que a propriedade, com 30 mil hectares, pertence ao governo federal e está arrendada para particulares, que exploram reflorestamento de pinus (usado para a produção de extrato para a indústria de cosméticos). O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) informou que desconhecia a real situação da propriedade, mas que faria um levantamento. A Agência Folha apurou que os sem-terra foram levados para a fazenda em ônibus. Uma parte do grupo se perdeu durante a madrugada, porque a fazenda está em local de difícil acesso. A área é explorada pela Duratex. Entre os invasores existem lavradores levados pelo MST de Minas Gerais, Paraná e do Pontal. O lavrador Silvino da Silva, de Planura (MG), disse que estava trabalhando na colheita de cebola e foi convidado por integrantes do MST para invadir a fazenda em Iaras, com a promessa de que poderia ser assentado na área. A PM informou que, à tarde, dois ônibus com mais um grupo de sem-terra chegaram à fazenda. A polícia observou, à distância, a movimentação dos sem-terra. Invasão no Sul Em Santa Catarina, cerca de 600 famílias (número do MST) ocuparam a fazenda Ameixeiras, em Passos Maia (700 km a oeste de Florianópolis). Os donos da fazenda pretendem entrar hoje com pedido de reintegração de posse na Justiça. Segundo Maredir Guimarães, mulher de Edmir Guimarães (dono da fazenda), a área é produtiva. "Temos 500 alqueires e 200 são usados para criação de gado bovino e plantação de soja, milho e mandioca. O restante é usado em projetos de reflorestamento de pinheiros", disse. O coordenador estadual do MST, Pedro Possamai, 34, discorda. "Existe apenas uma pequena criação de bois e o resto é mato." Texto Anterior: MST inicia caminhada de 100 km; prefeito tenta conter manifestação Próximo Texto: Fiesp pede julgamento de dissídio de químicos Índice |
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