São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 1995
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Hospital de SP importa nova técnica de implante

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Hospital do Câncer de São Paulo realiza hoje o primeiro implante do país de prótese facial empregando "parafusos" de titânio. Pinos construídos com essa liga especial vão ser utilizados para fixar próteses de narizes, olhos e orelhas destruídos por tumores. As próteses são feitas de silicone.
O procedimento é o mesmo utilizado na implantação de dentes há mais de 20 anos. As primeiras três cirurgias serão feitas com a assistência do médico sueco Per-Ingvar Branemark, considerado o pai desse tipo de implante. Branemark está em São Paulo como parte de um acordo de cooperação entre o Hospital do Câncer -Fundação Antonio Prudente- e a Universidade de Gotemburgo, na Suécia.
Desde 1952, ele vem estudando o uso do titânio como liga especial, por ser um metal que não provoca rejeição quando em contato com o osso. O processo foi chamado de osseointegração.
Suas primeiras pesquisas foram com a implantação de dentes. Parafusos de titânio passaram a ser usados para fixar dentes artificiais recompondo a estética e a função da arcada dentária.
O primeiro paciente a ser operado hoje perdeu uma parte do maxilar superior. Dois outros receberão implante do globo ocular. Segundo Luciano Dib, diretor do departamento de Estomatologia do Hospital do Câncer, as próteses de silicone imitam o formato e a cor dos órgãos perdidos.
"Sem a prótese, esses pacientes acabam excluídos do convívio social", diz Dib. Segundo ele, a cabeça e o pescoço são a terceira região com maior incidência de câncer, depois da pele e do estômago.
No Estado de São Paulo, cerca de 4.500 casos desse tipo de câncer surgem por ano. Entre 10% a 20% dos casos deixam deformações depois que o tumor é extraído.
Até agora, os pacientes se valiam de próteses presas de forma precária, como um nariz de silicone seguro por uma armação de óculos. A falta de um globo ocular era escondida com óculos escuro ou tapa-olhos. Agora as próteses passarão a ser fixadas com titânio.
Os médicos Dib e Marcos Curi foram treinados na Suécia e o Hospital do Câncer já comprou os instrumentos necessários. Mas, embora o tratamento seja pago pelo serviço público de saúde, os implantes de titânio serão importados e custeados pelos pacientes.
O titânio já vem sendo usado no caso de amputações de braços ou pernas. Os membros mecânicos, antes encaixados, são fixados no osso com parafusos de titânio, permitindo maior mobilidade.
Sensores elétricos são capazes de captar estímulos do músculo que sobrou e com isso movimentar a prótese. Na Suécia, mãos mecânicas já são capazes de executar movimentos como o de abrir e fechar, segurando objetos.

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