São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 1995
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Szabó trata das desilusões

DA REPORTAGEM LOCAL

István Szabó tinha apenas 26 anos quando filmou "A Época das Ilusões", o primeiro filme de sua vida. Quinze anos depois, ganhou um Oscar com "Mephisto", premiado por Hollywood como melhor filme estrangeiro em 1981.
Em "A Época das Ilusões", Szabó carrega o melhor do estilo "nouvelle vague", consagrado por Jean-Luc Godard no cinema francês.
O filme é leve e deliciosamente existencialista, filmado durante vários meses em Budapeste por volta de 1964.
Exceto por uma morte, quase nada acontece explicitamente. Rapazes com gravatas finas e moças bem comportadas beijam-se sob a neve que cai, tomam sol no verão, jogam pingue-pongue e dançam muito ao som de pianos agudos.
As cenas são ágeis, os diálogos rápidos, e Szabó cria diferentes formatos variando posições e movimentos de câmera. Ele está, claramente, experimentando.
No enredo, tudo parece continuar sempre na mesma, mas os personagens vão sofrendo as pequenas transformações próprias de quem está na transição para a idade adulta.
Sofrem as desilusões do trabalho e do amor, deixam-se levar pelas confusões da idade. Perdida entre diálogos rápidos, uma frase -"as pessoas têm muitas idéias entre os 20 e os 30 anos"- projeta-se sobre todas as outras.
Aos poucos, o filme faz parecer que é este excesso de idéias e de energia que torna esta fase da vida tão difícil e confusa para muita gente. Szabó tinha 26 anos e sabia do que estava falando.
Obviamente, esta sensação sempre aconteceu e vai continuar acontecendo com todo mundo.
A diferença, em "A Época das Ilusões", está na elegância, gentileza e bom senso (na medida do possível), com que os jovens húngaros criados por Szabó agem neste período complicado da vida.

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