São Paulo, quinta-feira, 23 de novembro de 1995
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Líder sem-terra vai a júri por homicídio

DA AGÊNCIA FOLHA

Três desembargadores do Tribunal de Justiça do Espírito Santo negaram ontem, por unanimidade, recurso que pedia a anulação do julgamento do líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) José Rainha Jr. e de oito sem-terra.
Eles são acusados de matar em emboscada o fazendeiro José Machado Neto e do PM Sérgio Narciso, em Pedro Canário (258 km ao norte de Vitória-ES), em 5 de junho de 1989.
O relator do processo, desembargador Osly da Silva Ferreira, 65, disse que o recurso foi negado porque havia indícios suficientes da autoria do crime para submetê-los a julgamento.
"Mas não posso comentar esses indícios, porque estaria fazendo um prejulgamento", afirmou o desembargador. Não há data para o julgamento.
Segundo a acusação, o fazendeiro e o policial estariam seguindo de carro para a fazenda Ipuera, de propriedade de Machado, para impedir uma invasão, e sofreram uma emboscada dos sem-terra.
O advogado de Rainha, Luiz Eduardo Greenhalgh, disse que vai recorrer da decisão. Ele tem 15 de prazo para apresentar recurso.
Extorsão
Rainha negou ontem que tenha tentado extorquir o produtor de sementes Roberto Amaro da Silva, dono da Sementes Amaro.
Amaro, em inquérito aberto pelo delegado Marco Antônio Fogolon, de Sandovalina (SP), acusa Rainha de ter exigido R$ 6.000 para não queimar uma plantação de capim brachiara (plantado para a coleta de sementes pelo empresário).
No inquérito, Amaro da Silva afirma que teria depositado R$ 3.000 na conta de Rainha na agência do Bradesco de Pirapozinho.
Ontem, durante a caminhada de 100 km do MST no Pontal do Paranapanema, Rainha disse que recebeu R$ 3.000,00 como adiantamento do empresário para produzir sementes de brachiaria.
Em caução, o líder sem-terra teria deixado um cheque seu, que, segundo ele, Amaro se recusou a devolver.
O delegado-assistente Regional de Presidente Prudente, Dirceu Urdiales, disse ontem que eram "grandes as probabilidades" de Fogolin pedir a prisão preventiva do líder sem-terra. Fogolin não quis dar entrevista.

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