São Paulo, quinta-feira, 23 de novembro de 1995
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Tribunal paga três vezes mais por imóvel

ADELSON BARBOSA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JOÃO PESSOA

O TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da Paraíba comprou um galpão em terreno no centro de João Pessoa por um preço quase três vezes maior que os preços de mercado.
O galpão, adquirido por R$ 710 mil, foi avaliado de R$ 150 mil a R$ 300 mil pela Cobrás, uma das maiores empresas de empreendimentos imobiliários de João Pessoa.
A denúncia aparece em dossiê elaborado por funcionários do TRT e numa ação popular encaminhada à Justiça Federal pelo advogado Gilberto Magalhães da Silva.
O dossiê é o mesmo que denuncia nepotismo e outras irregularidades que teriam sido praticadas por 7 dos 8 juízes da corte.
Certidões do Cartório de Registro de Imóveis Eunápio Torres, de João Pessoa, a que a Agência Folha teve acesso, comprovam a compra do galpão pelo TRT.
Segundo as certidões, o galpão pertencia a uma empresa de produtos médicos e hospitalares e foi vendido por R$ 225 mil no dia 15 de fevereiro deste ano, a Antônio Almerio Ferreira Marra.
Conforme as certidões, 15 dias depois o galpão foi comprado pelo TRT por R$ 710 mil.
O terreno onde funciona o galpão seria destinado à construção de um prédio para abrigar as seis JCJs (Juntas de Conciliação e Julgamento) de João Pessoa. O galpão foi aproveitado para abrigar o arquivo morto do TRT.
O diretor-geral do TRT, que fez a compra do galpão, Marcelo de Miranda Monte, filho do juiz Tarcísio de Miranda Monte, disse que não tem autorização da presidência para falar sobre o assunto.
O presidente Paulo Montenegro Pires não fala com jornalistas, segundo sua assessoria de imprensa.
Pires está sendo acusado de nomear 48 parentes sem concurso público.
Uma relação com os 48 nomes foi entregue a jornalistas por um funcionário do TRT, que não quis se identificar.
Na relação, aparecem os nomes de 30 sobrinhos, quatro filhos, a mulher, dois genros, uma nora, a mãe de um genro, primos, cunhados e concunhados.
Pires é o segundo juiz do TRT paraibano acusado de nepotismo. Ele ocupou a presidência interinamente há duas semanas, no lugar de Severino Marcondes Meira, que diz ter nomeado 25 parentes.

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