São Paulo, quinta-feira, 23 de novembro de 1995 |
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Ainda há muito o que fazer
MARCELO RUBENS PAIVA
"Não vale a pena construir uma rampa no meu restaurante; os deficientes não vêm aqui. O raciocínio está incompleto: o deficiente não aparece pois não é adaptado. Se adaptar... Como os 700 mil deficientes da cidade, segundo a ONU (200 em cadeira de rodas), sabem onde e a que horas passa o ônibus adaptado? E se a linha é longe, terei de pedir uma carona até o ponto? Na administração Fleury, a Telesp inovou: trocou orelhões de difícil acesso por cabines não acessíveis. Cobrada pelos movimentos de deficientes, a Telesp se justificou dizendo que havia perto de 50 telefones públicos acessíveis espalhados pela cidade. Terei que ir de táxi para telefonar? No caso do Metrô, até há pouco tempo, apenas a Estação Barra Funda seguia a lei e era adaptada. Portanto, o deficiente entrava na Barra Funda para ir a lugar nenhum e sair na própria estação. A boa vontade das autoridades públicas é pouco efetiva. O direito ao acesso público do portador de deficiência é constitucional. No caso de São Paulo, leis municipais que dizem respeito à acessibilidade não são cumpridas; a própria prefeitura dá o "habite-se à restaurantes, casas de espetáculos, shopping centers e cinemas irregulares. No meu bairro existem três agências dos Correios, uma concessão federal. Nenhuma delas é acessível. No Rio, o Centro de Vida Independente entrou com denúncia no Ministério Público contra a prefeitura e 34 empresas de ônibus que desrespeitavam a lei que exigia a entrada de novos ônibus adaptados para deficientes, gestantes, carrinhos de bebês, idosos e obesos. A frota será adaptada gradativamente. Em agosto, já foram entregues 14 ônibus com elevadores. Texto Anterior: Evento reúne portadores de deficiência no Rio Próximo Texto: Empresas privadas ocupam terreno público que era usado por sem-teto até anteontem Índice |
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