São Paulo, quinta-feira, 23 de novembro de 1995 |
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Nacional pediu socorro na última hora
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
A história começou meses atrás, quando Marcos Magalhães Pinto, representando a família dona do Nacional, teve algumas conversas com Pedro Moreira Salles, da família controladora do Unibanco. Mas o namoro não prosperou, dado o desinteresse do Unibanco. Em outubro último, entretanto, a fragilidade financeira do Nacional veio a público. A imprensa começou a noticiar as dificuldades do banco para fechar suas operações diárias. A partir daí, o processo foi rápido. Clientes abandonavam o Nacional e a crise aumentava dia a dia. Foi quando o Banco Central assumiu o processo, com um objetivo: honrar depósitos e aplicações de todos os clientes. O BC então chamou o Unibanco e ambos montaram o negócio, que consistiu em separar o Nacional em dois pedaços, o bom e o ruim. O bom foi vendido. O ruim será liquidado pelo BC. Na semana passada, o BC armou-se da legislação necessária para impor essa solução, mesmo que a família Magalhães Pinto não concordasse. Mas, segundo diversos participantes das negociações, Marcos Magalhães Pinto agiu no final com o objetivo de preservar a instituição e seus clientes. Por isso, pediu formalmente a intervenção do BC, na sexta, 17, pois estava certo de que, se não saísse o negócio com o Unibanco, haveria uma corrida aos caixas do Nacional na segunda, 20. A operação, cujos números finais ainda não estão conhecidos, dada a pressa com que foi montada, ficou assim: o Banco Nacional, já sob intervenção do BC, vendeu ao Unibanco todas suas operações, menos os empréstimos podres, e mais o banco subsidiário no exterior, as agências no exterior e, aqui, a seguradora, a companhia de cartão de crédito e a carteira de 1,2 milhão de clientes. Pela carteira de clientes, o Unibanco pagou ao Nacional R$ 318 milhões em dinheiro. Pelo restante, entregou ao Nacional ações no valor de R$ 682 milhões. Com isso, o Nacional tornou-se o maior acionista individual do Unibanco. Na avaliação do mercado, o Nacional devia R$ 6,5 bilhões ao BC, por conta de empréstimos recebidos para fechar suas contas. Disso, já se abate o bilhão recebido do Unibanco. Agora, o BC vai vender as partes que sobraram do Nacional. Se, ao final da liquidação, ainda faltar dinheiro, a família Magalhães Pinto terá de entregar bens para completar. E o que faltar será o prejuízo do BC, isto é, a perda para evitar uma quebradeira no sistema financeiro. Texto Anterior: ICMS na energia é de 25%, diz Justiça Próximo Texto: Fiat é multada em R$ 3,9 mi pelo Ibama Índice |
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