São Paulo, quinta-feira, 23 de novembro de 1995
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Baianos deram régua e compasso à MPB

Dorival Caymmi e João Gilberto abriram horizontes

EDSON FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Religiosidade, sensualidade e uma saudável preguiça. Tudo aliado a uma paisagem que junta construções coloniais e favelas explica a atmosfera que fez da Bahia o berço de figuras determinantes na música popular brasileira.
A primeira gota de pimenta no vatapá musical baiano é obra do poeta Gregório de Matos (1633-1696). Conhecido como "Boca do Inferno", escandalizava Salvador ao esparramar suas letras sarcásticas em lundus que cantava acompanhado de viola.
Sem evoluções estilísticas, a Bahia seguiu cantando lundus e modinhas por mais dois séculos.
No final do século 19, Salvador adorava o violão de Xisto Bahia e a voz de Camilo Peito de Bronze.
Chegou o século 20 e os baianos mostraram que eram capazes de compor melodias em novas combinações harmônicas.
Quem deu a régua e o compasso foi Dorival Caymmi. Nos anos 40, acompanhado-se ao violão, criou uma métrica musical diferente.
A música de Caymmi incorporava harmonias com sequências de acordes fora da lógica normal. Era o início do modalismo no Brasil.
Suas evoluções iriam desembocar na batida da bossa nova que João Gilberto criou nos anos 50.
Na década seguinte, novos baianos deram um choque na tradição musical brasileira. Empolgados com a guitarra elétrica, Caetano Veloso e Gilberto Gil foram os expoentes da tropicália.
Mais festeira que nunca, a música baiana chega aos nossos dias embalando Carnavais ao som dos tambores de gente como Carlinhos Brown, Netinho, Daniela Mercury e grupos afro como o Olodum.
É a autêntica música pra pular brasileira.

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