São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 1995
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Suspeito de suborno auxiliou pai de Chedid

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Principal suspeito de ter intermediado o pagamento da "caixinha" de R$ 300 mil ao deputado Marquinho Chedid (PSD-SP), o advogado Francisco José Franco já trabalhou com o deputado estadual Nabi Abi Chedid (PSD-SP), pai de Marquinho.
Franco foi chefe de gabinete de Nabi de 1986 a 1987 na Assembléia Legislativa de São Paulo. Na época, o deputado era líder do PFL. No ano passado, o advogado trabalhou na Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
A secretaria era dirigida por Odyr Porto, ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo. Franco era assessor parlamentar de Porto. Mas não tinha vínculo empregatício com a secretaria.
A "caixinha" tinha como objetivo o pagamento de deputados da CPI do Bingo. O esquema da foi descoberto pela Polícia Civil de São Paulo a partir de gravações de telefonemas de pessoas ligadas a Ivo Noal, principal bicheiro do Estado.
Além de auxiliares de Noal, proprietários de casas de bingo também tiveram suas conversas gravadas. Os "grampos tinham autorização da Justiça. Chedid é o único deputado citado como beneficiário da "caixinha".
A Folha teve acesso às fitas das gravações. Em uma das conversas gravadas, Ricardo Steinfeld, dono do bingo Liberty Plaza, de São Paulo, diz que Franco tentou intermediar com Marquinho Chedid a redução do preço da "caixinha".
Steinfeld relata no telefonema que Franco falou por telefone com Marquinho Chedid na sua frente. "Para ver se podia reduzir o valor (R$ 300 mil). Ele (o deputado) falou que não, que era 300. Aí ele (Franco) falou tá bom, tá bom".
A Folha apurou que Franco sempre teve estreitas ligações com a família Chedid. Há dois anos, ele se aposentou como procurador da Assembléia Legislativa. À época, recebia um salário de mais de R$ 10 mil por mês.
No início deste ano, o presidente da Assembléia, Ricardo Trípoli (PSDB), demitiu 96 procuradores que ganhavam salários semelhantes e aplicou um redutor nesses ganhos. A medida atingiu os procuradores aposentados -o salário de Franco é hoje de R$ 6 mil.
Já aposentado, Franco passou a prestar serviços sem remuneração à Secretaria de Segurança até setembro de 1994. Sua sala ficava próxima à do secretário Odyr Porto. Segundo Porto, ele "trabalhava informalmente", prestando serviços de "interesse da secretaria".

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