São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 1995
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Bancários vão à Justiça contra Proer

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Sindicato dos Bancários de São Paulo vai entrar, na segunda-feira, com uma ação popular contra a Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional), que financia fusões e incorporações de bancos.
Segundo o presidente do sindicato, Ricardo Berzoini, a idéia da entidade é conseguir liminar na Justiça para suspender o programa o mais rapidamente possível.
Berzoini diz que, de acordo com advogados contratados especialmente para estudar o assunto, é ilegal baixar uma medida provisória (MP), como fez o governo, concedendo subsídios ou benefícios públicos a um setor específico da economia, no caso os bancos.
Para dar vantagens contábeis, isenções fiscais e até financiamento usando o dinheiro público a um só setor o governo precisaria, como manda a legislação, enviar projeto de lei ao Congresso Nacional", disse Berzoini.
Segundo ele, o Proer dá tratamento privilegiado, com dinheiro do contribuinte, a um setor econômico sem "nenhuma contrapartida social".
Berzoini afirmou ter conseguido marcar, para segunda-feira, reunião com o diretor de normas e fiscalização do Banco Central, Claudio Mausch.
"Vamos alertar o Banco Central de que os bancários existem e discutir qual a consequência social do Proer. Os bancos têm todos os benefícios, mas os bancários, só prejuízos."
Protesto
Hoje, Berzoini promete realizar um protesto "bem-humorado" contra a MP 1.179, que criou o Proer, na sede do Banco Central em São Paulo, na avenida Paulista, região central.
Será montado o "Templo Comercial do Reino do Banco Central" e celebrado o culto ao "mestre Real", entre outras brincadeiras com personalidades do Banco Central e governo.
Despacho
Ontem, o sindicato contratou umbandistas para fazer um verdadeiro despacho na frente da matriz do antigo Nacional, na esquina da avenida Paulista com a rua Augusta. A idéia foi "exorcizar os maus espíritos das demissões" que serão decorrentes da incorporação do Nacional ao Unibanco.
Os bancários quiseram também "exorcizar o Banco Central", que, segundo Berzoini, financia as demissões dos bancários com a criação do Proer.
"O próprio Mausch admitiu que o BC vai gastar R$ 4 bilhões na incorporação do Nacional ao Unibanco. E só temos garantia de que não haverá demissões no curto prazo", disse Berzoini.
Cerca de 250 pessoas assistiram ao protesto, às 12h30, que contou a presença da mãe de santo Exu Capa Preta, diversos pais de santo e um carro de som do sindicato.

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