São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 1995
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Protesto bloqueia ponte em Foz do Iguaçu

ROBERTO SAMORA
DA AGÊNCIA FOLHA

Comerciantes, sacoleiros e taxistas bloquearam ontem, desde as 8h, a ponte da Amizade, que liga Foz do Iguaçu (PR) a Ciudad del Este (Paraguai). Paraguaios e brasileiros protestaram contra a redução da cota de compra de mercadorias no Paraguai com isenção de imposto. O limite passou de US$ 250 para US$ 150 desde o dia 16.
O bloqueio impediu ontem o comércio na fronteira. Até as 18h15, a ponte ainda estava bloqueada. As lojas ficaram fechadas o dia todo no Paraguai, segundo o auditor fiscal do Tesouro na ponte da Amizade, João Carlos Piton.
Piton disse que, às 9h, "momento de pico da manifestação", cerca de 10 mil pessoas se aglomeraram no lado brasileiro da ponte e foram impedidas de ultrapassar a fronteira.
Segundo Piton, as filas de carros e ônibus, que chegaram a três quilômetros, só não foram maiores porque os organizadores do bloqueio avisaram que o protesto não tinha hora para terminar e "a multidão acabou se dispersando".
Às 17h45, os manifestantes desbloquearam a ponte por 15 minutos, mas tornaram a fechá-la.
O diretor do Sindicato dos Taxistas de Ciudad del Este, Julio Ortiz, afirmou que a ponte deve permanecer bloqueada "por tempo indeterminado", até que o Brasil se disponha a negociar uma solução para o problema da cota.
Proprietários de kombis e taxistas, que fazem o transporte de turistas no local, também protestaram em frente à sede da Receita Federal em Foz do Iguaçu para apoiar a manifestação na ponte.
Além dos compradores de mercadorias, turistas e as pessoas que moram no Brasil e trabalham no Paraguai também foram impedidas de transitar pela ponte.
O bloqueio aconteceu do lado paraguaio, o que impossibilitou ação da Polícia Federal brasileira.
"É um problema de difícil solução", afirmou o delegado substituto da Receita Federal em Foz do Iguaçu, Lenisio Navarro Carrion. "Ele só poderá ser solucionado de uma maneira diplomática".
A Agência Folha apurou que a polícia paraguaia apóia, veladamente, o protesto. Até o fim da tarde de ontem, nenhuma providência havia sido tomada contra ele. Segundo Piton, a redução da cota provocou uma queda de 50% das compras no Paraguai desde que a medida foi regulamentada.

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