São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 1995
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Comércio aumenta prazos do crediário

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Grandes redes do varejo começam a esticar os prazos do crediário e a promover uma nova rodada de queda nas taxas de juros.
O objetivo é garantir as vendas de fim-de-ano e evitar que previsão mais pessimista se concretize: o volume de negócios neste Natal fique 10% abaixo do ano passado.
A Lojas Cem, por exemplo, ampliou de 12 para 13 o número de prestações do crediário. "Com um mês a mais de prazo, se consegue, em média, alavancar os negócios em 3%", diz Valdemir Colleone, superintendente-geral. A expectativa da loja é de faturar neste Natal 20% mais em relação ao mesmo período de 94.
Em outubro, a empresa já tinha reduzido em um ponto percentual a taxa de juros do crediário -de 6% a 10% ao mês para 5% a 9%.
Mas, os juros menores praticamente não tiveram efeito positivo no faturamento. Por isso, há dez dias, a rede ampliou os prazos.
É que o crediário longo, diz Colleone, é um apelo mais forte para quem compra a prestação.
Antonio Mahfuz, dono da rede Mahfuz, com 53 lojas no interior de São Paulo, concorda com o concorrente. Há 20 dias, a empresa ampliou de 9 para 13 o número de prestações, depois de cortar os juros de 12% para 9% ao mês.
"Apesar de o crediário em seis vezes ser o mais procurado, o prazo longo é o que atrai a clientela para a loja", diz Mahfuz.
Para ele, esticar os prazos é a melhor saída para aumentar as vendas. É que, como a margem de rentabilidade dos produtos está muito pequena, não é possível baixar ainda mais os preços.
Mahfuz não teme que o calote do crediário, que hoje representa 23% das suas contas a receber, aumente com o prazo maior de pagamento. Segundo ele, as lojas estão mais experientes na análise e concessão de crédito aos clientes.
A partir da próxima semana, a G.Aronson planeja cortar em meio ponto percentual os juros do crediário: de 8% para 7,5% ao mês.
O Magazine Luiza reduziu, há uma semana, a taxa da venda a prazo, de 10% para 8,9% ao mês. Não mexeu, porém, nos prazos.
"Fizemos isso para manter as vendas", diz Eldo Moreno, diretor comercial da empresa.
Na melhor das hipóteses, diz ele, a loja deve vender neste Natal o mesmo volume de 94. Na pior das hipóteses, a queda pode ser de até 10%.

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