São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 1995
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Arroz integral tem refúgio no Cheiro Verde

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Por que tem-se a impressão de que diminuíram os restaurantes vegetarianos na cidade? Mudaram os hábitos? Minguou o élan alternativo? E, entre os poucos representantes desta vertente que restaram, apenas alguns são dignos de nota.
O Cheiro Verde é um desses que mantém içada a bandeira do arroz integral, tentando dar-lhe um pouco de colorido.
A casa já existe há 15 anos -pegou, portanto, a rabeira dos tempos áureos em que as ramificações da cultura hippie ainda eram mais presentes. Os sócios Leonardo Silva Prado, goiano de 36 anos, e Solange Alfani, paulistana de 35, já eram parte do restaurante antes de comprá-lo em 1990.
Ele entrou como garçom, há 12 anos, passando depois a gerente. À noite, preparava drinques ou servia pratos em casas como o Sabor da Moda, o Clyde's, o Ritz. Solange, que chegou ao Cheiro Verde também na mesma época, alternava-se entre o salão e a cozinha.
Tecnicamente o restaurante professa a dieta ovo-lacto-vegetariana -admitindo, portanto, os derivados animais como ovos e laticínios. Seu cardápio procura ser menos óbvio que muitas casas do gênero, restritas a patezinhos de ricota e "filé" de soja à parmigiana (deste ele não se livrou).
Mesmo assim, seus pratos colocam o mesmo desafio existente em outros lugares. A quem está habituado à dieta tradicional, é preciso um certo distanciamento gustativo para apreciar um cardápio que é naturalmente diferenciado, já que não tem carnes, caldos e seus derivados e é pleno de grãos integrais e derivados de soja.
Feito esse distanciamento, ainda assim parece faltar ao Cheiro Verde, embora bem menos que em outros similares, uma certa sofisticação nos pratos.
Uma esperteza maior nos condimentos, para driblar a limitação nos ingredientes. Mais equilíbrio e delicadeza. Quiches menos massudas (o que requer arte, dada a farinha rústica e os queijos utilizados). Recheios menos espalhafatosos nas panquecas. Ah, sim: pode não ser o mais importante, mas os pratos poderiam ser mais delicadamente arrumados (a comida costuma transbordar pelas laterais).
Feitas essas ressalvas, é bom dizer que o Cheiro Verde é uma opção saudável para uma viagem vegetariana.

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