São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 1995
Texto Anterior | Índice

Plano de reconstruir o país é idealista demais

SARAH HELM
DO "THE INDEPENDENT"

Enquanto a tinta do acordo de paz para a Bósnia ainda nem secou, burocratas de Bruxelas, Washington e outras partes do mundo já começam a falar em termos surpreendentemente otimistas sobre o futuro do país.
Dentro de alguns dias, a União Européia enviará uma missão para tratar com os bósnios de suas "necessidades prioritárias".
No final de dezembro será realizada uma "conferência de compromisso", na qual países oferecerão auxílio para pagar os US$ 5 bilhões necessários para a reconstrução da Bósnia, segundo estimativa do Banco Mundial.
Estados Unidos e União Européia devem bancar, cada um, um terço dos custos. O restante deve vir de outros países.
A idéia é reconstruir cidades, vilarejos e regiões inteiras da Bósnia e Croácia. Não só a reconstrução física de casas, fábricas, estradas e pontes, mas colocar comunidades juntas novamente para viver lado a lado.
Todos os refugiados tem garantido o "direito de retorno", um dos elementos do acordo de paz e condição do programa de reconstrução europeu.
Outra condição imposta pelos europeus é que os governos da Bósnia, Croácia e Sérvia cooperem com o tribunal da ONU que apura crimes de guerra cometidos durante o conflito, respeitem os direitos humanos e permitam a presença de observadores internacionais em seus territórios.
Os reconstrutores de terno e gravata falam de termos como "reconciliação" como se pudessem apagar os eventos cruéis da guerra. Mas sabem que os problemas que têm são imensos, talvez intransponíveis.
Planos não podem ser colocados em prática para reconstruir regiões tomadas pelos sérvios no nordeste da Bósnia, por exemplo, até que fique claro se os muçulmanos que foram obrigados a fugir em massa vão voltar algum dia.

Texto Anterior: 'Popular', Diana chega à Argentina
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.