São Paulo, domingo, 26 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Seguranças hostilizavam diplomata

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Além de se indispor com auxiliares de Fernando Henrique Cardoso na campanha eleitoral do ano passado, o embaixador Júlio César Gomes dos Santos também criou áreas de atrito com o esquema de segurança do candidato tucano.
Um dos desafetos de Júlio César era Paulo Chelotti, que fazia a segurança pessoal de FHC. Os atritos começaram quando o embaixador começou a interferir diretamente no trabalho da segurança.
Chelotti, segundo Francisco Graziano (presidente do Incra), foi quem encaminhou a ele o relatório sobre as gravações de telefonemas que revelam tráfico de influência praticado pelo embaixador.
Posteriormente, tais informações foram levadas por Graziano ao presidente da República.
No início da campanha, FHC tinha dois agentes da Polícia Federal em seu esquema de segurança. Além de Chelotti, o outro chamava-se Jonatas.
Os dois agentes conheceram FHC quando ele era ministro da Fazenda. Saíram de lá para acompanhar o candidato na campanha. Gozavam de muita simpatia de FHC e de membros da campanha, entre eles Francisco Graziano.
Quando FHC se hospedava em hotéis, Chelotti e Jonatas ficavam sempre no apartamento ao lado do candidato. Quando começou a ter poderes na campanha, Júlio César alterou esse esquema.
O apartamento ao lado do candidato passou a ser reservado para o embaixador. Os seguranças não gostaram. Além de criticá-lo, passaram a chamá-lo de "Mimi".
Motivo de brincadeiras, o apelido era usado apenas quando o embaixador não estava por perto. Inicialmente, o apelido era de um outro diplomata, Eduardo Seixas, que auxiliava Júlio César.
Segundo os seguranças, Júlio César chamava Seixas de "Mimi". O apelido também foi adotado por auxiliares do candidato que não gostavam do embaixador.
Júlio César criou muitas áreas de atritos. Os problemas entre ele e Francisco Graziano surgiram na campanha. O embaixador interferia em decisões adotadas por outros auxiliares do candidato.

Texto Anterior: Relações pessoais dissimulam corrupção
Próximo Texto: FHC cobra mais controle sobre assessorias
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.