São Paulo, domingo, 26 de novembro de 1995
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Diabéticos vão ganhar novos tipos de insulina

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os diabéticos que dependem de injeções diárias de insulina vão ser beneficiados por novas medicações que chegam ao mercado nos próximos meses.
As novidades foram apresentadas durante o 9º Congresso Latino-Americano de Diabetes, que aconteceu na última semana em Foz do Iguaçu (PR).
Uma insulina semelhante à humana (humalog), de ação muito mais rápida do que suas antecessoras, deve chegar às farmácias até o final de 1996.
Uma nova combinação de tipos diferentes de insulinas (90/10), mais adaptada aos hábitos alimentares dos brasileiros, deve ser lançada já no início do próximo ano.
A insulina é uma proteína produzida pelo pâncreas, que regula o nível de açúcar no sangue. Sem insulina, a glicose (açúcar) não entra nas células e o organismo fica sem fonte de energia.
Quando um diabético tem uma deficiência parcial ou total na produção de insulina, sua taxa de açúcar se eleva e precisa ser controlada com o auxílio de aplicações regulares dessa proteína.
Simão Lottenberg, coordenador da Liga de Diabetes do HC-USP, explica que, até 1982, todas as insulinas eram de origem animal (extraídas de pâncreas de bois e porcos). Depois, uma insulina idêntica à humana começou a ser produzida por engenharia genética.
A sequência de genes (material genético) que codifica a produção da insulina humana é conhecida. Cópias dessa sequência são colocadas dentro de bactérias, que passam a produzir a proteína.
A grande vantagem da insulina humana é que ela não é reconhecida pelo organismo como uma proteína estranha, portanto, não há produção de anticorpos contra ela.
Segundo Lottenberg, a insulina animal gera anticorpos que podem causar reações alérgicas, alterações no local das aplicações e o aparecimento de resistência.
A resistência à insulina faz com que o organismo necessite de doses cada vez maiores de hormônio para conseguir manter a taxa de açúcar dentro do normal e, em casos extremos, pode levar à perda do efeito da insulina.
A nova insulina semelhante à humana (humalog) troca a posição de dois aminoácidos (fragmentos da proteína) e consegue obter uma maior velocidade de absorção.
A vantagem é que o diabético não precisa esperar mais 45 minutos para começar a se alimentar depois da aplicação da insulina regular. Em 10 ou 15 minutos, ele pode começar a refeição.
A insulina 90/10 facilita o uso do produto. Uma combinação entre insulina de liberação lenta (90 unidades) e insulina regular (10 unidades), aplicada pela manhã, é mais adaptada ao padrão alimentar dos brasileiros, que tomam um café da manhã mais leve e precisam de menos insulina nesse período.

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