São Paulo, domingo, 26 de novembro de 1995
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a arte de lembrar e esquecer

por Lúcia Cristina de Barros

LÚCIA CRISTINA DE BARROS
A ARTE DE LEMBRAR E ESQUECER

Há 30 anos ela estreava na literatura e era saudada como um talento singular, mas difícil. Ontem, a brasileira de sobrenome galego, Nélida Piñon, tornou-se a primeira representante da língua portuguesa e a primeira mulher a ganhar o mais importante prêmio da literatura latino-americana, o mexicano Juan Rulfo, no valor de US$ 100 mil.
Piñon é autora de 12 livros, entre os quais os romances "República dos Sonhos", "A Doce Canção de Caetana" e a coleção de fragmentos "O Pão de Cada Dia". Transformada com os anos em uma "caçadora de paisagens, ela comprou uma vista permanente da Lagoa e do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, onde agora ensaia um novo romance e suas memórias. Metade do ano ela vive nos Estados Unidos, dando aulas na Universidade de Miami. Sobre a suposta dificuldade de sua obra, ela diz: "Não invento a complexidade, o ser humano é que é complexo".
Por que foi você a primeira autora de língua portuguesa a receber o prêmio? Fui surpreendida. Mas como tenho livros traduzidos, faço palestras no exterior, tornei-me conhecida, eu existo. Acho original ser a primeira mulher. A mulher ainda é, querendo ou não, uma cidadã sob suspeição. Acho isso mesmo, sem qualquer proselitismo inadequado. A coisa opera um pouco por quota: uma ou duas mulheres, mais é exagero.
É diferente a literatura da mulher?
Tenho gosto em servir à literatura com memória e corpo de mulher. Memória no sentido de todo conhecimento humano, a arqueologia do

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