São Paulo, segunda-feira, 27 de novembro de 1995
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Maior carência está justamente na Aeronáutica

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Sivam está sendo capitaneado pelo Ministério da Aeronáutica. Mas é justamente a Força Aérea Brasileira que mais teria dificuldade de aproveitar os seus recursos.
Um dos objetivos do Sivam é a instalação na região de 18 radares terrestres fixos, além de seis transportáveis e mais cinco a bordo de aviões Brasília modelo EMB-120EW.
Com isso, dizem os defensores do sistema, seria possível detectar os aviões de contrabandistas e narcotraficantes que impunemente cruzam a região.
"Isso é sigiloso", diz o engenheiro e brigadeiro da reserva Guido de Resende Sousa, desconversando.
O analista estratégico Geraldo Cavagnari, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), ex-oficial do Exército, é mais categórico na resposta: não. Faltam meios para a Força Aérea Brasileira interceptar aviões intrusos mesmo na região do país onde existe um sistema de controle de espaço aéreo eficiente, o triângulo vital Rio-São Paulo-Brasília, segundo Cavagnari.
No caso da Amazônia, onde nem existe um tal sistema -algo que o Sivam pretende resolver-, a defesa aérea é praticamente inexistente.
Cavagnari acha que seria importante para o país ter um sistema como o Sivam. Ele não tem como avaliar seu lado técnico -"parto do ponto de vista de que ele seja bom"-, mas diz que, se não existirem os meios complementares, ele será dinheiro jogado fora.
"Se não tiver, é um desperdício. Hoje os F-5 estão caindo", diz ele.
O F-5 é o principal caça da FAB numericamente. Ele e os Mirage 3 são os interceptadores de que o país dispõe. Os dois modelos são obsoletos. Mesmo outros países latino-americanos têm caças mais modernos.
Junte-se a isso a perene falta de peças de reposição e até combustível para vôos de treinamento, e a idéia de vigiar a Amazônia torna-se uma miragem.
(RBN)

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