São Paulo, segunda-feira, 27 de novembro de 1995
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Do Rei Pelé ao Príncipe das Marés

MARCELO FROMER; NANDO REIS
DO REI PELÉ AO PRÍNCIPE DAS MARÉS

Algumas notas dez e outras zero
MARCELO FROMER e NANDO REIS
Nota dez para as torcidas de Santos e Palmeiras, que, na quarta-feira passada, celebraram o clássico paulista no Brasileiro com elegância, educação e festa, fazendo com que, por alguns instantes, o futebol mostrasse a sua verdadeira face, alegre e sorridente.
Nota zero para os árbitros que acreditam que cartão tem hora e são incapazes de sacá-los do bolso, mesmo que um jogador arranque as vísceras de um companheiro se isso ocorrer logo no início do jogo.
Cartão não tem hora, com já frisou o sempre elegante Orlando Duarte.
Nota dez para o artigo do Benevides, no Estadão da última quinta-feira, no qual ele, com lisura profissional e esportiva, discordava de Armando Nogueira quanto ao limite de faltas ser punido com um tiro livre direto da entrada da área.
Concordamos e sugerimos: mesmo achando que futebol não é basquete, reforçamos a idéia de que talvez um limite de faltas por jogador fosse uma solução razoável.
Independentemente do cartão, se o jogador abusar do recurso de faltas, ele deve ser eliminado da partida.
Mas nunca deveria ser substituído, porque isso seria um prêmio ao antijogo.
Nota zero para o reincidente atacante Romário, que agora disparou farpas contra Zico, o melhor e maior jogador que já passou pela Gávea, para quem ainda não completou 35 anos de idade.
Qualquer termo de comparação entre Zico e Romário daria o constrangedor placar de 10 a 0 para o Galinho, levando-se em consideração os quesitos categoria, personalidade, serviços prestados, elegância, caráter, luta, aplicação, participação, coerência e técnica.
Nota dez para os juízes que absolveram o jogador Aílton, do Fluminense, em virtude de sua comemoração efusiva e inusitada, envolvendo seu colega de clube Rogerinho.
Como julgá-lo? E mais, como culpá-lo? Do quê? Por quê?
Nota zero para um campeonato que não considera, que não leva em conta, que simplesmente despreza o fato de uma equipe ter conseguido o maior número de pontos durante a competição.
Nota dez para Pelé e seu pé, agora imortalizado, e mais ainda por sua vontade de ser homenageado ainda em vida, para que possa desfrutar, com olhos e coração bem abertos, tudo que devemos ao Rei, sem termos que pagar imposto.
Nota zero para o Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira, e para o Eduardo Farah, presidente da Federação Paulista, só para variar.
Nota dez para o Príncipe das Marés, o grandioso Edinho, que, sozinho, só Deus sabe como, superou todos os obstáculos para se firmar por força do destino em um fiel protetor das redes de Vila Belmiro.
A dinastia continua, do Rei Pelé ao Príncipe das Marés.

Marcelo Fromer e Nando Reis são músicos e integrantes da banda Titãs

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